O bom momento econômico pelo qual passa o país, aliado ao aumento da massa salarial, tem proporcionado um crescimento da demanda pelo setor têxtil e gerado um déficit de costureiras no Paraná. De acordo com dados compilados pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), a expectativa do saldo de empregos (contratações menos demissões) para este ano no estado é de apenas 5,2 mil, o que supriria 25% do que o setor necessita cerca de 21 mil profissionais.
Um grande complicador é a falta de qualificação da mão de obra. Mesmo onde há escolas e cursos o treinamento não consegue acompanhar rapidamente o desenvolvimento tecnológico e a maioria dos profissionais aprende apenas a trabalhar com máquinas manuais.
Para Roberto Chadad, presidente da Associação Brasileira do Vestuário (Abravest), o país não tem escolas preparadas para atender de forma adequada ao setor. "Há 30 anos que a nossa mão de obra é só de produtos básicos, para cortes de 30 a 50 centímetros, ou seja, para produtos básicos como camisetas, cuecas e outras peças que têm maior demanda. Nossas costureiras não estão acostumadas com alta tecnologia. Somente algumas empresas, em sua maioria pequenas, conseguem ter isso, agregando qualidade aos seus trabalhos. O nosso Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) não está preparado", diz.
Custo alto
Luiz Antonio Mendonça, gerente da unidade do Senai em Maringá cidade que está localizada no maior polo têxtil do Paraná, na região Norte diz que a instituição tem acompanhado a demanda do setor, mas os custos de máquinas eletrônicas é um obstáculo para as escolas. "No que diz respeito à confecção de roupas, o Senai está bem equipado. Temos máquinas tradicionais e eletrônicas. Talvez ficamos devendo um pouco com relação ao corte. Já existem equipamentos que fazem o corte eletrônico, mas são poucas empresas que usam essas máquinas e o Senai atua conforme a demanda. Além disso, o investimento nesses equipamentos é muito caro e o material é todo importado", explica.
Com esse cenário, resta às costureiras conseguir qualificação em máquinas eletrônicas no próprio mercado de trabalho. É o caso de Márcia Alessi, de 34 anos, que trabalha como costureira em Imbituva, nos Campos Gerais, maior polo têxtil do estado na categoria tricô. "Nos cursos pelos quais passei aprendi a trabalhar com máquinas manuais. Estou há seis anos em malharia e aprendi a usar equipamento computadorizado aqui no trabalho. Isso me rende um melhor salário, principalmente nessa época em que as roupas de lã estão vendendo bastante", relata.