A fase ruim atravessada pela Petrobras, que está cortando investimentos e vendendo ativos para fazer caixa, está alimentando especulações sobre o fechamento da usina de xisto em São Mateus do Sul, a Six, no Sul do Paraná. A possibilidade de encerramento da operação mobilizou políticos na cidade e teve de ser negada pela estatal.
A ameaça de fechamento da Six foi levantada pelo vereador Omar Picheth, que também é funcionário da usina. Ele afirma que os investimentos na unidade estão em queda, passando de R$ 100 milhões ao ano para R$ 15 milhões em 2015, e que há um grupo de estudos técnicos que analisa o desempenho da unidade e sua viabilidade.
A assessoria de imprensa da Petrobras nega a possibilidade de desativação. Em nota, a empresa informou que a Six vai fechar por aproximadamente 30 dias para manutenção, a partir de 13 de fevereiro. O intervalo de parada é chamado, tecnicamente, de Oil to Oil e é praxe em todas as unidades da Petrobras.
“Será realizada manutenção dos principais equipamentos do parque industrial, garantindo o atendimento da norma de segurança NR13, do Ministério do Trabalho, que trata da operação de caldeiras e vasos de pressão. A execução do trabalho de manutenção irá envolver cerca de 600 pessoas, metade das quais funcionários especializados em caldeiraria, soldagem, montagem de andaimes, mecânica, inspeção de equipamentos e serviços gerais, contratados especialmente para a parada”, diz parte da nota.
A Six produz, a partir do xisto, óleo combustível, nafta, gás combustível, gás liquefeito e enxofre. A usina também funciona como um centro avançado de pesquisa na área de refino, onde são desenvolvidos vários projetos em conjunto com o centro de pesquisa (Cenpes) e universidades.
Frente política
Logo após o boato de fechamento da usina tomar conta da cidade, prefeito, vereadores, um deputado estadual e comerciantes se reuniram para discutir a necessidade de manter ativa a usina. Segundo o prefeito Clóvis Ledur, a informação chegou por “fontes de fora”, o que o levou a iniciar um diálogo com a direção local da Petrobras.
Na quarta-feira (20), às 15 horas, o governo Beto Richa recebe políticos e lideranças da região para discutir o assunto. Também foi criada uma frente política em defesa da usina liderada pela senadora Gleisi Hoffmann e composta ainda deputado João Arruda, líder da bancada dos deputados federais do Paraná na Câmara, e pelo ex-integrante do Conselho Administrativo da Petrobras Márcio Zimmermann.
“Aguardamos a evolução dos estudos dentro da Petrobras. Nosso esforço e empenho em Brasília é para que não se altere em nada o funcionamento da unidade em São Mateus do Sul . Temos um contexto socioeconômico e uma história a defender e vamos fazer isso com todos os esforços necessários”, disse o prefeito.
A economia de São Mateus é bastante dependente da usina. Por ano, são quase R$ 5 milhões arrecadados em impostos e outros R$ 13 milhões em royalties. A unidade tem mais de mil funcionários, cerca de 400 são próprios e pouco mais 700 terceirizados.