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A arrancada no preço do minério de ferro no atacado causou a taxa maior da primeira prévia do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) de junho, que subiu 2,21% após avançar 0,47% em igual prévia do mesmo índice em maio. A confirmação partiu do coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Salomão Quadros. Na primeira prévia do IGP-M, o produto saiu de uma deflação de 2,67% para uma inflação de 75,25% de maio para junho.

Quadros lembrou que a influência do aumento no preço do minério em maio também foi sentida em outro índice divulgado esta semana o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI), que saltou de 0,72% para 1,57% entre abril e maio. O especialista ressaltou que, embora a primeira prévia do IGP-M anunciada hoje seja referente ao mês de junho, o período de coleta de preços para cálculo desta prévia inicial corresponde ao mês de maio, mais especificamente entre os dias 21 e 31 do mês passado, portanto, dentro do período em que mais se sentiu o reajuste no preço do produto, efetuado pela Vale.

O técnico comentou que este impacto muito forte da elevação no preço do minério na inflação ocorreu devido às características de reajuste deste produto. Ele lembrou que, diferentemente de outras commodities, cujos vários aumentos de preços são efetuados ao longo do ano, o minério, por razões contratuais, tinha um único aumento definido somente uma vez por ano. "Não é que o patamar de aumento de preço deste produto seja muito diferente de outras commodities, é que a elevação ocorre apenas em um período muito curto de tempo", complementou. Isso acaba por afetar, expressivamente, os índices inflacionários do período. Entretanto, Quadros preferiu não tecer projeções inflacionárias baseadas nas novas informações de que o reajuste no preço do minério será feito de forma trimestral, e não somente uma única vez ao ano. "Eu prefiro ver antes como realmente vai acontecer (os reajustes). Não tem como fazer projeções agora", afirmou.

O especialista comentou ainda que a taxa maior da segunda prévia do IGP-M de junho também foi influenciada pela disparada da inflação na construção civil, que saltou de 0,55% para 2,18% de maio para junho, no âmbito da primeira prévia. De acordo com ele contribuíram para este cenário os aumentos nos preços de mão de obra em São Paulo, comuns nesta época do ano, quando ocorre a resolução de dissídios salariais da categoria.

Previsão

Ainda é cedo para previsões numéricas sobre o fechamento do IGP-M de junho, mesmo com a alta de 2,21% mostrada pela primeira prévia do índice, anunciada hoje, segundo Quadros. Para ele, não é possível dizer ainda que, por conta do minério de ferro, o IGP-M deste mês será uma espécie de "outlier", ou seja, um dado que apresenta um grande afastamento das informações restantes contidas em sua série histórica.

O IGP-M fechado de maio, que subiu 1,19%, já foi maior taxa desde julho de 2008, quando índice subiu 1,76%. Entretanto, o especialista considera que ninguém pode dizer, com toda a certeza, que as próximas coletas para cálculo do IGP-M conduzirão a um resultado acima de 2% no fechamento do mês. "Precisamos ter em mente que este resultado ainda é muito inicial, e representa apenas os primeiros dez dias do total pesquisado pelo índice, ou seja, é apenas um terço do IGP-M. Não é possível tecer conclusões sobre a magnitude do fechamento com uma coleta de dados assim, apenas em seu começo", concluiu.

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