Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Atividade econômica

Fim do ciclo de consumo deixa o PIB no vermelho

Motor da economia desde o início do governo Lula, o consumo das famílias recuou 1,5% no 1º tri, na queda mais drástica em 12 anos. | Antônio More/Gazeta do Povo
Motor da economia desde o início do governo Lula, o consumo das famílias recuou 1,5% no 1º tri, na queda mais drástica em 12 anos. (Foto: Antônio More/Gazeta do Povo)

Sob a pressão dos preços, das dívidas e das incertezas em alta, famílias, empresas e governo cortaram despesas ao mesmo tempo e derrubaram a economia do país no primeiro trimestre deste ano. Medida da produção e da renda nacional, o Produto Interno Bruto (PIB) do período encolheu 0,2% na comparação com os últimos três meses de 2014, conforme dados divulgados nesta sexta-feira (29) pelo IBGE.

A taxa não foi tão ruim quanto se temia – os cálculos do Banco Central, por exemplo, apontavam uma queda de 0,8%. É o detalhamento dos dados, no entanto, que mostra a extensão dos danos. Numa rara combinação, as compras de bens e serviços despencaram em todas as modalidades: consumo, investimentos e custeio do governo federal, dos estados e das cidades.

Ainda mais anômala é a coexistência de uma recessão em andamento, com queda de empregos e salários, e a inflação mais elevada desde 2003 – trata-se, em uma palavra, da “estagflação”, na versão mais evidente em 12 anos.

O cenário resulta de desequilíbrios acumulados ao longo do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, que exigiram uma reviravolta brusca da política econômica após a reeleição. A expansão contínua dos gastos públicos nos últimos anos elevou a dívida pública, alimentou a inflação e minou a confiança de empreendedores e consumidores.

Os ajustes de agora incluem bloqueio de despesas, aumento de impostos, de tarifas públicas e de juros. Em outras palavras, o governo é obrigado a deprimir ainda mais uma economia já prostrada – e que ainda não chegou ao fundo do poço.

Os números da economia brasileira no primeiro trimestre não são, ao menos por enquanto, tão ruins quanto os da recessão anterior, na virada de 2008 para 2009. Naquele período de agravamento da crise internacional, o PIB teve quedas trimestrais de 4,1% e 2,2% em sequência.

Mas as alternativas da política econômica eram, então, mais simples: a inflação, como costuma acontecer, entrou em trajetória de queda com a freada do comércio, permitindo ao governo reduzir juros, conceder incentivos tributários e elevar gastos para reanimar o mercado. Já a estratégia atual se limita a esperar que, mais à frente, o ajuste fiscal e o controle da inflação restabeleçam a confiança de empresas e famílias no futuro.

Ladeira abaixo

Uma das principais marcas da administração petista, a expansão do consumo das famílias sofreu neste ano sua interrupção mais explícita. No primeiro trimestre, as compras caíram 1,5% e ficaram 0,9% abaixo do patamar de um ano atrás – foi a primeira queda nessa base de comparação desde 2003, primeiro ano do governo Lula.

O crescimento iniciado na década passada foi impulsionado por ascensão social, programas de transferência de renda e ampliação do crédito. A queda de agora resulta de inflação, desemprego e juros mais elevados.

Projeções

Na ausência de motores econômicos, as expectativas pessimistas não se limitam a este ano: governo e analistas de mercado concordam que haverá queda do PIB neste ano – as apostas se concentram entre 1% a 2% – e uma recuperação modesta em 2016 – 1% já parece otimismo.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.