A isenção de tarifas oferecida por duas das maiores corretoras de valores do Brasil abriu uma guerra de preços que deve incentivar mais pessoas a migrarem os investimentos para as plataformas independentes.
Neste mês, a XP deixou de cobrar pelos ativos de renda fixa e variável, o que inclui a taxa de custódia do Tesouro Direto, a transferência dos valores para a conta corrente via TED e a manutenção de carteiras de ações. Agora, os consumidores terão de arcar apenas com as taxas de administração e de performance dos fundos, assim como as de corretagem para ações. A custódia de 0,3% cobrada pela Bovespa sobre os papéis da dívida pública também continua.
Já a Rico zerou os custos dos títulos de renda fixa dos Certificados de Depósito Bancário (CDBs), Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio (LCIs e LCAs), Letras de Câmbio (LCs) e Debêntures. A exceção são os papéis do Tesouro, que manterão a custódia em 0,1% ao ano. A instituição, no entanto, afirma que estuda deixar de cobrar pelos ativos. As carteiras de ações, por outro lado, não terão mudança nos custos.
Para o diretor de Varejo e sócio da XP, Gabriel Leal, a estrutura enxuta e a nova realidade do mercado justificam a isenção nas cobranças. “Não faz sentido que o cliente pequeno pague pelo grande. As instituições financeiras foram construindo as suas receitas em cima desse ponto de vista, que não é centrado naquilo que é melhor para o consumidor”, avalia.
Por meio desta ação, a corretora deve renunciar a uma receita de R$ 25 milhões ao ano, que, segundo ele, será compensada pelo aumento da base e fidelização dos investidores e pelo volume de operações realizadas. Com 165 mil clientes e R$ 45 bilhões em custódia, a empresa espera fechar 2017 com 300 mil pessoas e R$ 100 bilhões de patrimônio líquido.
Mudança
Sócio-diretor da Rico, Norberto Giangrande conta que, para garantir a isenção das taxas, a instituição mudou a fórmula de ganho sobre os títulos de renda fixa. Agora, em vez de repassar o valor integral da DI, taxa de remuneração dos ativos, a empresa ficará com uma parte dos ganhos mais o montante repassado pelos bancos para a distribuição dos papéis.
A empresa tem 96,3 mil clientes ativos e R$ 8 bilhões em ativos. Ao zerar os preços, a expectativa de Giangrande é chegar aos 160 mil investidores e R$ 15 bilhões em custódia. “Eu não vejo uma guerra de preços, mas um reposicionamento das empresas. As corretoras estão visando um serviço mais completo para os clientes”, afirma.
Publicidade
Além de abaixar os preços, as empresas apostam na comunicação como estratégia para atrair novos clientes. A XP veicula desde o início do mês um material publicitário com o ator Murilo Benício em diferentes mídias, enquanto a Rico aposta na publicidade para internet e em aeroportos.