Pela 12ª vez consecutiva, as taxas de juros das operações de crédito voltaram a ser elevadas em setembro. Das seis linhas de crédito pesquisadas pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac) todas foram reajustadas no mês passado e a taxa média de setembro chegou a 7,23%, o maior patamar desde junho de 2009. Já os juros do cartão de crédito atingiram o maior nível de juros dos últimos 19 anos.
De acordo com a Anefac, os juros do cartão de crédito em setembro chegaram a 13,59% ao mês em setembro (361,40% ao ano), o maior patamar desde março de 1996, quando estavam em 14,08% ao mês e 385,86% ao ano.
“É uma espécie de ciclo vicioso. A inadimplência aumenta e os bancos aumentam os juros. Com queda de renda e aumento do desemprego, a inadimplência vai aumentar e os bancos deverão aumentar ainda mais os juros”, explica Miguel Ribeiro de Oliveira, diretor de pesquisas econômicas da Anefac.
No comércio, os juros saltaram de 5,30% ao mês para 5,32% (86,26% ao ano). No cheque especial, a taxa subiu de 10,14% em agosto para 10,24% em setembro (222,16% ao ano). O juro dos empréstimos nos bancos para a compra de automóveis (CDC) subiu de 2,14% para 2,20% (29,84%). A taxa dos empréstimos pessoais nos bancos saltou de 4,15% para 4,20% (63,84%), enquanto nas financeiras a taxa cobrada neste tipo de empréstimo foi de 7,72% para 7,80% (146,28% ao ano).
Tendência
Miguel avalia que o movimento de alta de juros para o consumidor deve se manter nos próximos meses. Além do crescimento da inadimplência, que leva os bancos a elevarem os juros para se precaver de possíveis calotes, os índices de inflação mais elevados, aumento de impostos e juros maiores estão reduzindo a renda das famílias.
“O baixo crescimento econômico deve promover o crescimento dos índices de desemprego. O rebaixamento da nota de crédito do país pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P), perdendo o grau de investimento, também está no radar. Somado a isso, está a elevação da carga tributária para o sistema financeiro no pacote fiscal que subiu a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido(CSLL) de 15% para 20%. Com isso, cresceu a a cunha fiscal das instituições financeiras que inevitavelmente repassam a alta para as taxas de juros das operações de crédito”, explica Miguel Ribeiro.
Considerando todas as elevações da taxa básica de juros promovidas pelo Banco Central desde março de 2013, a Selic teve uma elevação de sete pontos porcentuais de 7,25% ao ano para 14,25% ao ano em setembro. Neste período a taxa de juros média para pessoa física apresentou, no mesmo período, uma elevação de 43,13 pontos porcentuais de 87,97% para 131,10% ao ano até setembro passado.