Um produto que dá a possibilidade de ganhos semelhantes aos da renda variável e que garante o retorno do capital investido em caso de oscilações negativas chama a atenção dos investidores brasileiros.
Os COEs (Certificados de Operações Estruturadas) são ativos com rendimentos vinculados a índices -- como o Ibovespa e indicadores econômicos --, empresas e commodities que prometem retornos superiores à taxa de juros, mas sem oferecer os mesmos riscos destas opções.
Lançados no mercado em 2014, os ativos somam R$ 9,4 bilhões em estoque, conforme levantamento da Cetip. Entretanto, foi a partir de fevereiro deste ano, quando as corretoras independentes foram autorizadas a vendê-los, que os títulos ganharam destaque entre os investidores.
O sócio-diretor da Easynvest, Marcio Cardoso, aponta que outro motivo para a sua popularização foi a necessidade de as instituições financeiras captarem dinheiro no mercado diante da redução de outros instrumentos, como os Certificados de Depósito Bancário (CDBs) e as Letras de Crédito Imobiliárias e do Agronegócio (LCIs e LCAs).
Como os COEs trabalham com perspectivas de ganhos futuros, o mercado financeiro impõe “travas” para os seus rendimentos. Logo, se o investidor comprar papeis ligados ao ouro com pagamento de juros de 20% em dois anos, mas os ganhos do metal ficarem acima do previsto, os aplicadores ganharão no máximo a porcentagem contratada.
O sócio-diretor da Unique Investimentos, Luiz Arnaldo Ferraz, afirma que esses títulos privados atraem investidores com perfis moderados a agressivos, que veem nos certificados uma janela de ganhos maiores que os da renda fixa, que tende a cair caso a trajetória de queda dos juros se mantenha.
Precauções
Embora a maioria dos COEs possua capital garantido, não são todos que protegem as aplicações iniciais. De acordo com a Cetip, os certificados com esta característica representam cerca de 94% do total, o que exige cuidado na escolha do produto. Outro ponto a ser observado é que os certificados não são cobertos pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Portanto, é preciso ficar atento à solidez do emissor dos títulos.
A liquidez, que é o tempo necessário para sacar o dinheiro, é outra característica a ser considerada. A carência costuma ir de seis meses a dois anos, e para resgatá-los antes do prazo é preciso se sujeitar ao valor oferecido pela instituição financeira, o que pode trazer perdas ao investidor. A partir de R$ 5 mil é possível adquirir um COE e a tributação é a mesma da renda fixa, que vai de 22,5%, para seis meses, a 15%, para mais de dois anos.
O sócio da Inva Capital, Luiz Augusto Pacheco, avalia que, para os investidores com apetite ao risco, as ações ou os fundos de renda variável podem ser mais vantajosos que os certificados, já que não têm travas que limitem os ganhos, ampliando os rendimentos.