O retorno anual dos acionistas que investem em empresas que negociam suas ações na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) foi o mais baixo desde 1995, quando a consultoria Economatica iniciou o acompanhamento do indicador. O estudo mostra que os acionistas que compraram no mercado brasileiro tiveram uma mediana de rentabilidade de 1,11% com os dividendos e juros sobre capital próprio recebidos entre julho de 2015 e julho de 2016.
Com este resultado, o pagamento de dividendos das ações brasileiras caiu 41% neste ano se comparado ao mesmo período do ano passado, quando a mediana de rendimento dos dividendos foi de 1,87%.
Para fazer esta análise, a Economatica utilizou o dividend yield das ações, que computa os dividendos e juros sobre capital próprio distribuídos por ação, divididos pelo preço da ação no início do período analisado.
Entre as empresas que lideram o ranking de pagamento de dividendos no Brasil, três setores se destacam: elétrico, financeiro e de telecomunicações. Para o analista-chefe da Geral Investimentos, Carlos Müller, ainda é interessante investir em algumas destas empresas.
“Muitas empresas já valorizaram, só que boas empresas devem seguir apresentando bons desempenhos no horizonte de médio e longo prazo, portanto a valorização recente do papel não limita os investimentos”, avalia.
Dos setores que se destacam no estudo da Economatica, Müller recomenda cautela aos investidores que pretendem comprar ações de empresas de telecomunicações, que vêm sendo desafiadas por novas tecnologias. “É um setor que ano a ano vem apresentando novas dificuldades. A Telefônica se destaca positivamente, acho que dentro de uma composição de carteira poderia fazer parte, mas mesmo assim tem restrições de crescimento”, recomenda.
Brasil x EUA
O estudo também analisou ações de empresas dos Estados Unidos. “Em comparação com o mercado norte-americano, verificamos que as ações brasileiras sempre entregaram um melhor desempenho ao acionista com pagamento de dividendos e JCP’s, exceto no ano de 1995 e 2016”, diz o estudo. Em 1995, logo após a criação do Plano Real, as empresas brasileiras registraram 1,63% de dividend yield contra 2,73% das empresas americanas.