Mantega mantém previsão de alta de 0,9% do PIB em 2014

Estadão Conteúdo

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta terça-feira que o governo mantém a previsão de 0,9% para o crescimento da economia brasileira neste ano. "Só em novembro, quando fizermos novo relatório (bimestral de receitas e despesas) é que vamos rever ou não a nossa previsão de PIB. Não temos agilidade da Focus, que muda a cada semana. As taxas da Focus são flexíveis", disse, em referência à previsão dos analistas do mercado, que está em 0,24%. No mês passado, a projeção do governo federal foi revisada de 1,8% para 0,9%.

"Eu espero que a economia europeia faça esforço adicional para a retomada do crescimento. Está claro que a estratégia que eles estão usando não é eficiente. Eles têm que fazer esforço fiscal e monetário maior", disse. "Eles têm que fazer o que fizemos aqui. O Brasil foi um dos que mais cresceu durante a crise, porque fizemos política anticíclica, que diminui o primário, mas mantém certo nível de crescimento", afirmou. "Os países europeus têm que fazer política monetária mais agressiva, como fizeram os EUA, ou política fiscal expansionista."

"O continente europeu é muito importante. Quando não está aumentando o consumo, a gente fica sem uma perna. A China também reage a isso, porque é uma grande exportadora. Então, eu acredito que essa situação vai ter que ser mudada", disse, acrescentando que na próxima reunião do G-20 será necessário discussão para que países avançados façam esforço adicional.

FMI

Para o ministro, o Fundo Monetário Internacional (FMI), que anunciou projeção de 0,3% de avanço da economia brasileira em 2014, está fazendo ajustes fortes porque estava otimista com o desempenho dos Estados Unidos e com o Brasil, o que não se confirmou. Segundo ele, o Fundo não contava com a seca no Brasil e uma política monetária mais contracionista. "O FMI deve ter se baseado no resultado (brasileiro) do ano passado e no nosso potencial porque temos mercado que outras economias não têm", afirmou.

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O Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu com força nesta terça-feira (7) sua projeção de crescimento econômico do Brasil em 2014 e em 2015, ao mesmo tempo em que elevou as perspectivas de inflação em meio à menor confiança dos agentes econômicos.

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Em seu relatório "Perspectiva Econômica Global", o FMI estimou que o Produto Interno Bruto (PIB) do país vai expandir neste ano apenas 0,3 por cento, ante 1,3% projetado em meados do ano. Para 2015, a queda nas contas foi de 0,6 ponto percentual, a 1,4%. "A fraca competitividade, baixa confiança empresarial e condições financeiras mais apertadas... restringiram o investimento, e a moderação contínua no emprego e no crescimento do crédito têm pesado sobre o consumo", destacou o FMI em nota.

A revisão dos dados aconteceu depois que o Brasil entrou em recessão no primeiro semestre, com forte retração nos investimentos e na indústria e às vésperas das eleições presidenciais.

O FMI vê recuperação moderada da atividade em 2015 "conforme as incertezas políticas que cercam as eleições presidenciais deste ano se dissipam". Concorrem ao cargo a atual presidente Dilma Rousseff (PT) e o candidato do PSDB, Aécio Neves, que foram para o segundo turno.

As projeções do organismo internacional são um pouco mais otimistas do que as de economistas consultados em pesquisa Focus do Banco Central, que veem expansão de 0,24% do PIB neste ano, e de 1% em 2015.

O FMI também cortou suas contas sobre a expansão das economias emergentes neste ano e no próximo, a 4,4% e 5%, respectivamente. Até então, via crescimento de 4,6% e 5,2%.

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Para a economia global, as contas também foram mais pessimistas, com o FMI vendo expansão de 3,3% neste ano e 3,8% no próximo. Em julho, esperava crescimento econômico de 3,4% e 4%, respectivamente.

Mais inflação

O FMI também piorou suas contas para a inflação neste ano e no próximo, destacando restrições da demanda e pressão reprimida dos preços administrados que a mantém perto do teto da meta do governo --de 4,5 por cento pelo IPCA, com margem de dois pontos percentuais para mais ou menos.

Agora o FMI projeta a inflação ao consumidor em 6,3% em 2014 e em 5,9% em 2015, contra 5,9% e 5,5% respectivamente no relatório anterior.

Em meio a esse cenário, o FMI piorou suas estimativas para a taxa de desemprego no Brasil em 2015, passando a 6,1%, frente a 5,8% esperados até então. Para este ano, a mudança foi mais sutil, com leve baixa de 0,1 ponto percentual nas contas, a 5,5%.

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O FMI projetou ainda que o déficit em conta corrente do Brasil ficará em 3,5% do PIB neste ano e em 3,6% no próximo, com pouca diferença entre, respectivamente, déficits de 3,6% e de 3,7% projetados anteriormente.