As áreas de acordo na reunião de cúpula do G-20 nesta quinta-feira (02), incluindo maior regulação para hedge funds, aumento de recursos para o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o revés para paraísos fiscais, fazem com que o "velho paradigma de suporte ao fundamentalismo dos mercados e uma fé absoluta na autocorreção dos mesmos tenham acabado". A avaliação é do chefe para risco da consultoria IHS Global Insight, Jan Randolph, para quem a nova arquitetura financeira proposta pelo G20 vai criar um "mundo mais sóbrio".
A decisão de injetar recursos públicos na economia mundial e outras medidas decidas nesta quarta, como maior regulação financeira e políticas para impulsionar o crescimento, marcam um ponto de inflexão na abordagem relacionada ao sistema financeiro global, continua Randolph.
Segundo ele, a ampliação da regulação em direção a áreas que eram mais nebulosas, como os hedge funds, bem como maior escrutínio sobre paraísos fiscais, significa que "não deve haver mais pontos cegos".
Em vez do antigo modelo, que assumia uma natureza intrinsecamente virtuosa dos mercados, diz o profissional, há a percepção de que agora é preciso supervisão pública e regulação vigorosa para que os mercados funcionem de forma apropriada e para que se encoraje resultados mais responsáveis e mais desejáveis. "A nova arquitetura financeira deverá criar um mundo mais sóbrio, onde a governança buscará acompanhar os fluxos mundiais de capital e jogar luz sobre pontos sombrios do sistema bancário e paraísos fiscais."
Randolph avalia que a decisão de aumentar os recursos do FMI é um avanço para dar suporte ao mundo em desenvolvimento. Uma decisão aplaudida pelo diretor-gerente do Fundo, Dominique Strauss-Kahn, para quem "os líderes do G20 enviaram nesta quinta um sinal poderoso de que a comunidade internacional está comprometida em apoiar estes países (emergentes e pobres)".
Com relação à política monetária, o analista do IHS diz que os bancos centrais concordaram que precisam ir além da redução dos juros. Os BCs dos membros do G-20 se comprometeram em manter políticas de afrouxamento monetário utilizando inclusive instrumentos não convencionais.
Acuado pela inflação e distante do campo, Lula acumula “barbeiragens” na lida com o agro
Lula abandona reunião sobre inflação dos alimentos e tenta remediar com alíquota zero; acompanhe o Entrelinhas
Enquete: medidas do governo Lula vão baratear os alimentos?
PIB brasileiro cresceu 3,4% em 2024, mas deve desacelerar neste ano; entenda
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast