Os líderes mundiais deram, nesse domingo (27), os últimos retoques nos planos para construir uma economia global mais estável, mas se afastaram da promessa de criar uma alternativa única, à medida que a crise que já dura dois anos dá lugar a uma recuperação desigual.
Equilíbrio foi a palavra do momento. O grupo das 20 principais economias ricas e emergentes do mundo quer reduzir pela metade o déficit orçamentário até 2013 sem impedir o crescimento, e impor restrições ao risco bancário sem sufocar os empréstimos.
"Essa é a corda bamba que temos que atravessar", disse o primeiro-ministro canadense, Stephen Harper, no início do encontro.
"Para apoiar a recuperação, é indispensável seguir em frente com os planos de estímulo existentes... mas, ao mesmo tempo, países desenvolvidos devem enviar uma mensagem clara que à medida que nossos planos de estímulo chegarem ao fim, vamos nos concentrar em colocar nossas finanças em ordem."
Os líderes também precisam mostrar o progresso obtido com uma promessa feita em setembro de reequilibrar a economia global. Isso quer dizer que nações que dependem de suas exportações, como a China e a Alemanha, precisam olhar para si mesmas e países endividados, inclusive os EUA, precisam mudar sua maneira de contrair e gastar empréstimos.
Fontes do G-20 disseram à Reuters que não haveria nenhuma referência à moeda chinesa, o iuan, em uma declaração final a ser divulgada ao final do encontro, nesse domingo. Uma versão prévia do documento, obtida pela Reuters, via com bons olhos a recente decisão de Pequim de afrouxar o controle sobre o iuan.
"A maioria dos membros do G-20 recebeu bem os planos do governo da China de introduzir o câmbio flutuante para o iuan", disse Andrei Bokarev, um alto funcionário do departamento de finanças da Rússia. "Mas essa frase não constará no comunicado final, atendendo a um pedido dos chineses."
O presidente dos EUA, Barack Obama, Hu Jintao, presidente da China e líderes das outras potências econômicas do G-20, se reuniram pela quarta vez desde que a crise financeira dos EUA, em 2007, trouxe temores de uma nova Grande Depressão.
O G-20 se uniu no ano passado para jogar trilhões de dólares na batalha contra a recessão. Desde então, o grupo se tornou o principal fórum para coordenar as ações para vencer os desafios globais da economia.
"A economia mundial está se recuperando aos poucos, mas as bases dessa recuperação ainda não estão sólidas, o processo não está equilibrado e ainda existem muitas incertezas", disse Hu.
Com um crescimento lento em muitos países desenvolvidos, Washington teme que o esforço da Europa para reduzir a dívida pós-recessão pode atrapalhar a recuperação, uma preocupação demonstrada por outros líderes do G-20, inclusive pelo primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que entende a pressão feita para colocar as finanças públicas de volta num caminho sustentável, mas pediu aos líderes do G20 que se lembrem de quem paga o ônus.
"Nós não devemos equilibrar o orçamento às custas das pessoas mais pobres do mundo", disse Ban durante o jantar de sábado do G-20.
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