Confira as obras que constam do documento elaborado pelo Fórum| Foto:

Os gargalos de infraestrutura custaram caro à economia do Paraná nas últimas duas décadas. Estima-se que o estado perdeu ou deixou de ganhar nesse período o equivalente a 11% do seu Produto Interno Bruto (PIB) – algo em torno de R$ 20 bilhões, com base nos números de 2008 – por causa da falta de investimento em estradas, portos, ferrovias e aeroportos. Para cada R$ 1 investido, especialistas calculam que são gerados R$ 0,50 de crescimento do PIB ao ano em um prazo de 20 anos, segundo cálculo da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Em todo o Brasil, as perdas somaram R$ 360 bilhões.Para o economista Gilmar Men­­des Lourenço, coordenador do curso de Ciências Econômicas da FAE, essa conta é "conservadora". De acordo com ele, a falta de infraestrutura adequada pode inibir em até 2% o crescimento anual da economia do estado. "Dificil­­mente o Paraná e o Brasil vão conseguir crescer a taxas anuais de 5% nos próximos três anos. Não temos estrutura física para suportar esse avanço", diz.

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O Paraná vai precisar de pelo menos R$ 6,6 bilhões em obras para desatar o nó da infraestrutura nos próximos anos, segundo estimativa do Fórum Permanente de Desenvolvimento Futuro 10 Paraná, que reúne as principais entidades ligadas aos setores da indústria, do agronegócio, do comércio e dos serviços.

Competitividade

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Em maior ou menor grau, todos os setores da economia do Paraná vêm sendo afetados pelos gargalos. Faltam armazéns para estocar a safra e ramais ferroviários para transportar a produção ao porto. Por deficiências de logística, exportar uma tonelada de soja do Paraná para a China pode custar quase o dobro do que fazer o mesmo do estado do Iowa, nos Estados Unidos. O frete para exportar um eletrodoméstico por Paranaguá, por exemplo, custa hoje o mesmo que o de uma mercadoria partindo da China para o mercado norte-americano, mesmo sendo a distância muito maior.

Por conta da falta de estrutura, apenas 4% das exportações da indústria paranaense são realizadas pelo aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais. Segundo a Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), o transporte rodoviário gera um custo adicional de R$ 13 milhões por ano para a indústria. "Infraestrutura é uma questão de competitividade", diz o presidente da Fiep, Rodrigo da Rocha Loures. De acordo com ele, esses gargalos vêm reduzindo os investimentos das empresas. "Ninguém investe se não tiver segurança de que terá como transportar sua produção. Muitas empresas deixaram de ampliar instalações e o Paraná deixou de atrair investimentos de novas empresas", afirma.

O transporte no Brasil é caro e draga uma parte do que é gerado de riquezas. Segundo o Centro de Estudos em Logística, ligado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), os custos com transporte e logística no país equivalem a 12,75% do PIB – nos EUA são de 8,20%. Enquanto no Brasil há o domínio do modal rodoviário, os americanos privilegiaram o uso de hidrovias e ferrovias. "A China investe o equivalente a 30% do seu PIB no setor, o dobro do que o Brasil", compara Peter Wanke, coordenador do centro.

Apagão

Para ele, os gargalos devem ganhar evidência com a retomada da economia em 2010. A previsão de uma safra de grãos recorde, a retomada da produção industrial e as vendas em alta do comércio aumentam a pressão sobre estradas, ferrovias, portos e aeroportos. "O apagão de logística nada mais é que a demora cada vez maior para as mercadorias serem transportadas e a falta de previsibilidade, o que significa mais custos, perda de qualidade de serviços e de competitividade", afirma.

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Passado o efeito da crise, as transportadoras já sentem a pressão da demanda. "Já estamos com um volume equivalente a 2007. Quando chegarmos ao patamar de 2008, a situação vai ficar complicada", diz o superintendente do Sindicato das Transportadoras de Cargas do Paraná (Setcepar), Luiz Podzwato. Uma pesquisa da Con­­federação Nacional dos Trans­­por­­tes (CNT) estima que 69% das estradas brasileiras têm problemas. De acordo com Podzwato, uma viagem entre Curitiba e São Paulo poderia ser até uma hora e quarenta minutos mais rápida se a duplicação da BR 116 – paralisada por problemas ambientais – fosse concluída.