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Giovani Ferreira

Geração comprometida

O propósito é educar, promover a cidadania e contribuir com a formação de uma nova geração, envolvida, responsável e comprometida. Primeiramente com si mesmo, depois com sua escola e, por fim, com a sociedade e o bem comum. Enquanto a disciplina faz parte do aprendizado, o resultado, que vai muito além da sala de aula, depende do interesse e do esforço não apenas individual, como coletivo de cada um dos envolvidos.

A breve descrição é do programa Agrinho, desenvolvido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), do Sistema Faep – Federação da Agricultura do Paraná, que impacta diretamente mais de 1,5 milhão de pessoas, número equivalente a 15% da população do estado.

A maioria absoluta é de crianças, estudantes do ensino infantil, fundamental e especial, orientados por um batalhão de 80 mil professores, de pelo menos oito mil instituições de educação.

Contudo, por mais didático que seja o processo, é na esperança, na descoberta e na capacidade de realização de cada um dos participantes que está o segredo, o sucesso e a amplitude do projeto. Uma iniciativa que tem origem na motivação do campo, mas que também ganhou as cidades, não apenas do Paraná, onde surgiu, mas de várias outras regiões do país, em nove estados brasileiros.

A premiação da edição 2012 ocorreu na sexta-feira, em Curitiba. Mais de 1 mil pessoas participaram do evento. Eram dezenas de autoridades, do governador em exercício a deputados, senadores, lideranças políticas e empresariais. Presenças ilustres, de status e poder, que se rederam à emoção de centenas de jovens e crianças, estudantes e professores que estavam ali atrás de um sonho. O sonho de um mundo melhor, mais justo e solidário.

Uma busca que começa com o estímulo à educação, à formação, à inovação e ao empreendedorismo, um viés social que se tornou uma das principais orientações do Senar no estado.

O que o sistema identificou em 17 anos de Agrinho é que, antes de tudo, é preciso investir na formação do caráter, da personalidade e da cidadania. Até como de forma qualificar a educação e o processo de aprendizagem rural, atividade fim do Senar, que através seu quadro de instrutores esta presente em praticamente 100% dos municípios do Paraná com cursos que vão do artesanato à mecanização agrícola, oferecidos não ao homem, mas à família do produtor rural.

Outra visão interessante do projeto está no público e no ambiente em que atua. São alunos, professores e escolas são urbanas e rurais, públicas ou privadas, com a participação inclusive escolas especiais.

Uma espécie de inclusão social ao contrário. Se no poder público existe a preocupação de inserção daquele que teoricamente é menos favorecido – as cotas nas universidades são um bom exemplo –, quando chama as escolas particulares a participar do programa, o Agrinho estabelece de forma natural a igualdade de condições. Estimula e privilegia a iniciativa, sem distinção.

Da temática ambiental, trabalhada inicialmente em decorrência da necessidade de se discutir e se conscientizar sobre a contaminação a partir dos agrotóxicos, a diversidade das abordagens do Agrinho levou para dentro das escolas questões de saúde, cidadania, trabalho e consumo.

De certa forma, o programa passou, então, a aplicar e praticar o princípio da subsidiaridade, de não transferir integralmente ao Estado a responsabilidade por aquilo que você mesmo pode fazer para mudar ou melhorar o mundo ou a sociedade.

Nesse caso, a partir daqueles que tem o maior potencial e legitimidade para promover essa mudança: crianças, jovens, escolas, estudantes e professores.

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