A General Motors (GM) emitiu um comunicado nesta segunda-feira (08) com uma franqueza incomum, admitindo ter "decepcionado" e às vezes até "traído" os consumidores norte-americanos em meio ao lobby para garantir a ajuda federal que precisa para se manter ativa no próximo mês.
O anúncio impresso representou uma mudança brusca em relação à postura da empresa apenas algumas semanas atrás, quando tentou justificar o pedido de ajuda ao governo dizendo que a crise de crédito prejudicou sua atividade de uma maneira que seus executivos nunca poderiam ter previsto.
A mensagem vem também no momento em que Rick Wagoner, presidente-executivo da empresa desde 2000, enfrenta cada vez mais pressão para deixar a companhia, que pede até 18 bilhões de dólares em ajuda federal.
"Ainda que continuemos sendo a líder de vendas nos Estados Unidos, reconhecemos ter desapontado vocês", diz o anúncio. "Às vezes quebramos a confiança de vocês ao deixar nossa qualidade cair abaixo dos padrões do setor, e nossos designs se tornaram sem brilho".
A carta aberta, sem assinatura e intitulada "Compromisso da GM com o povo norte-americano", foi publicada no jornal Automotive News, com ampla circulação entre executivos, lobistas e outros participantes do setor.
Mas a GM também afirmou no anúncio que foi atingida por forças além de seu controle enquanto tentava se reestruturar completamente no começo do ano.
"Apesar de agir rapidamente para reduzir nossa previsão de gastos de mais de 20 bilhões de dólares, a GM se viu em situação precária e assustadoramente perto de ficar sem dinheiro em caixa", declara o anúncio.
A falência da GM aprofundaria a atual recessão e colocaria "em risco milhões de empregos", de acordo com o anúncio, que também enfatiza a prometida reestruturação da companhia e a intenção de começar a pagar a dívida com os contribuintes em 2011.
O porta-voz da GM Greg Martin disse que o anúncio era uma tentativa da empresa de apresentar "uma mensagem diretamente ao público". A GM diz que Wagoner tem o apoio do conselho da companhia.