Mercadante repetiu o discurso de que as manifestações antigoverno são um terceiro turno, uma tentativa da oposição de deslegitimar as eleições| Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

O ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, disse nesta quinta-feira (19) que há uma espécie de incompreensão por parte da população do discurso feito pela presidente Dilma Rousseff durante a campanha eleitoral do ano passado e do pacote de ajuste fiscal que o governo tenta fazer.

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“Desvalorização do real aumenta nossa competitividade”, diz ministro

Para ministro, real passou muito tempo sobrevalorizado, o que acabou resultando num déficit comercial no ano passado de US$ 100 bi

O ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, comentou nesta quinta-feira a subida do dólar frente ao real. Segundo ele, o real passou muito tempo sobrevalorizado, resultando num déficit comercial no ano passado de US$ 100 bilhões. A desvalorização da moeda brasileira, por outro lado, aumenta a competitividade, especialmente na agricultura, pontuou.

“Essa desvalorização do real aumenta nossa competitividade, a atração de investimentos externos e ajuda portanto tanto na agricultura, com a queda no preço das commodities, quanto na competitividade da indústria. Há um melhor equilíbrio para nós retomarmos nossos superávits comerciais, e o importante é um câmbio competitivo e estável”, disse.

Segundo o ministro, a decisão do Banco Central americano (Fed), que comunicou ontem que há possibilidade de elevar os juros daquele país em junho, também ajuda a dar tranquilidade ao mercado cambial internacional.

Segundo o ministro, que é o principal auxiliar de Dilma, o governo não pode ser cobrado em dois meses por algo que prometeu fazer em quatro anos. Ele foi além do mea culpa que Dilma fez no início da semana, de que talvez tenha havido erro na dosagem das medidas econômicas de seu primeiro governo, dizendo que o governo fez mais do que podia.

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“A gente não pode ser cobrado em dois meses como se nós pudéssemos entregar em dois meses aquilo que nós queremos entregar em quatro anos. Agora, o país precisa neste momento de um ajuste fiscal. Quanto mais rápido for feito, mais rápido nós sairemos das dificuldades que nós temos. Nós desoneramos demais os impostos, fomos além do que podíamos, mantivemos os gastos e investimentos públicos e vamos ter que fazer uma reorganização das contas públicas. Isso traz alguns sacrifícios para todos”, disse, ponderando que o corte maior será por parte do próprio governo em suas contas.

Protestos

Mercadante repetiu o discurso de que as manifestações antigoverno são um terceiro turno, uma tentativa da oposição de deslegitimar as eleições ganhas em outubro passado por Dilma. Ele disse, no entanto, que o governo tem que ler as pesquisas de opinião, que mostram a menor aprovação de um presidente desde Collor, com “humildade”, palavra que vem sendo usada diariamente por Dilma e seus auxiliares desde as manifestações do último domingo.

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“Nós tivemos uma eleição muito polarizada, muito disputada. E depois de 12 anos consecutivos, quatro eleições que a oposição perde, e uma eleição disputado, acho que nós tivemos depois da eleição um clima de terceiro turno. Faz parte dessa disputa. O governo tem que ouvir. Tem que ler as pesquisas de opinião com humildade, com coragem, com firmeza, tem que ler as manifestações naquilo que elas têm de mais relevante”, disse Mercadante, após receber um prêmio na Embaixada da Espanha.