A Câmara de Comércio Exterior (Camex) decidiu nesta quarta-feira reduzir de 20% para zero a alíquota de importação de álcool anidro e sua conseqüente inclusão da lista de exceções à Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul.
A medida é uma forma de aumentar a oferta do produto no mercado interno. Na avaliação do governo, as importações poderiam reduzir os preços e ajudar a compensar uma provável alta no valor dos combustíveis, inclusive da gasolina, por conta da diminuição do álcool em sua mistura, de 25% a 20%.
Para produtores nacionais, no entanto, o efeito da decisão sobre os preços do álcool produzido no país será inócuo.
- O mundo produz 40 bilhões de litros de álcool por ano, sendo que mais de 30 bilhões estão entre Brasil e Estados Unidos, cada um com cerca de 16 bilhões. O álcool produzido lá fora tem um custo de US$ 0,35 por litro. No Brasil, com o câmbio atual, nosso custo seria de US$ 0,28. Dificilmente, um produtor estrangeiro terá um preço competitivo com o nacional - compara o diretor da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Única), Antonio de Padua.
A entidade concentra mais de 60% da produção de álcool do Brasil. (VEJA A ENTREVISTA COMPLETA DO REPRESENTANTE DA ÚNICA)
As distribuidoras de combustíveis, que teoricamente poderão comprar álcool a preços mais baratos no exterior, também não acreditam na eficácia da decisão sobre os preços nas bombas.
- A princípio, não vejo essa medida afetando os preços no Brasil porque desconhecemos a oferta de álcool no mercado internacional. Ao contrário, eles é que querem comprar o álcool brasileiro - explicou Alisio Vaz , vice-presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom).
Para ele, não há muito a fazer para reduzir a escalada dos preços, a não ser a redução da mistura do álcool na gasolina, de 25% para 20%, medida que será publicada no Diário Oficial nesta quinta-feira.
- Estamos vivendo uma situação de oferta e demanda. Quando as duas não se encontram, o preço sobe.
O Diário Oficial da União publica nesta quinta-feira a Resolução nº 35, assinada pelo ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, aprovando a fixação do novo percentual da mistura.
O Brasil destina 500 milhões de litros/mês de álcool anidro para adicionar à gasolina tipo C. Com a redução, o consumo cairá para 400 milhões de litros. Ou seja, haverá uma economia de aproximadamente 100 milhões de litros mês no consumo de álcool anidro no país, de acordo com o governo.
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