Mesmo com a desaceleração da inflação, o governo acompanha "com lupa" a oferta dos dois principais produtos da mesa dos brasileiros, o arroz e feijão, para evitar especulações que pressionem novamente os preços. Se houver repique de preços entre outubro e dezembro, a avaliação é que o movimento será artificial porque a oferta é suficiente para atender à demanda.
Se necessário, o governo vai intensificar a intervenção no mercado com a compra de quatro produtos "sensíveis" pelo peso que têm nos índices de inflação: feijão, arroz, trigo e milho.
Além disso, o governo não descarta a possibilidade de comprar grãos por preços superiores ao mínimo de garantia estabelecido a cada safra. Uma das propostas em estudo é oferecer contratos de opção futura deslocados dos preços mínimos.
Com um contrato de opção, o governo sinaliza ao produtor o valor de determinado produto durante o período de colheita, quando os preços normalmente caem. Também está em discussão a possibilidade de o governo comprar feijão pelos preços de mercado e oferecer o produto aos consumidores por um preço mais baixo.
"Se porventura tomarmos medidas insuficientes, seguramente o governo tratará de outras", afirmou o diretor de Logística e Gestão Empresarial da Conab, Sílvio Porto. Ele alerta que o governo precisa ter cautela nesse movimento.
Segundo um assessor do Ministério da Fazenda, há uma atenção especial com o feijão, apontado como um dos vilões da escalada da inflação no primeiro semestre. Apesar da colheita deste ano ter sido a melhor da história - de 3,51 milhões de toneladas, ante consumo estimado de 3,4 milhões de toneladas -, a volatilidade desse mercado preocupa o governo. O risco é que os produtores retenham a safra para evitar novos recuos no preço ou até forçar a alta. "Os produtores viram que os preços recuaram e podem retirar a oferta para tentar segurar o preço ou elevá-lo", disse o assessor.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, recebe relatório quase diário dos principais produtos de maior peso na inflação. Para o governo, uma eventual ação desse tipo não poderá ser duradoura porque os produtores não vão conseguir segurar a safra por muito tempo. A dispersão da produção do feijão - 80% da safra nacional são produzidos pela agricultura familiar - e a falta de representatividade dos produtores facilitam a especulação.
Nesse mercado, há uma atuação muito forte de intermediários e concentração dos pontos de formação dos preços basicamente num único local, a Bolsinha de São Paulo, uma espécie de mercado de balcão que funciona na Rua Alfândega, no Brás. Não há uma organização produtiva, como ocorre com os produtores de trigo, soja, milho e arroz, que se mobilizam em entidades. Por isso, o governo está de olho nessas negociações na Bolsinha.
Fim do ano legislativo dispara corrida por votação de urgências na Câmara
Teólogo pró-Lula sugere que igrejas agradeçam a Deus pelo “livramento do golpe”
Boicote do agro ameaça abastecimento do Carrefour; bares e restaurantes aderem ao protesto
Frases da Semana: “Alexandre de Moraes é um grande parceiro”
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast