Ao menos três notícias das últimas semanas podem ser consideradas animadoras por quem espera mudanças no sistema tributário brasileiro. A primeira delas foi o anúncio de que o governo federal vai isentar de CPMF os empréstimos bancários embora tenha deixado de lado a idéia de reduzir progressivamente a alíquota do imposto para as demais operações, hoje em 0,38%. Além disso, o governo avalia a possibilidade de reduzir os encargos trabalhistas dos setores mais prejudicados pelo câmbio, como o têxtil e o calçadista.
Aparentemente, o maior avanço está na terceira notícia: o Planalto deve propor uma reforma tributária que terá como eixo a fusão de todos os impostos sobre consumo e produção em um só: o imposto sobre valor agregado, o IVA, adotado pela maioria dos países desenvolvidos. O IVA nacional deve reunir IPI, PIS, Cofins e a Cide. O IVA estadual, por sua vez, pode juntar o ICMS e o ISS.
Mas, para o consultor tributário Gilberto Luiz Amaral, presidente do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), uma reforma dessa dimensão dificilmente seria aprovada ainda no governo Lula, por envolver muitos interesses tanto do governo federal quanto dos estados e municípios. O especialista avalia que o ideal seria aprovar a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 285/2004. No Congresso há três anos, o projeto pretende acabar com a guerra fiscal entre os estados, por meio da unificação do ICMS.
"Implantando o ICMS unificado, o governo poderia avaliar seus resultados. Depois dessa experiência, ficaria muito mais fácil fazer, em seguida, a migração para o IVA estadual e nacional", propõe Amaral. "No momento, esquecer a PEC 285 e propor uma reforma mais ampla parece uma oferta para, em troca, emplacar a renovação da CPMF [que terminaria no fim deste ano mas deve ser prorrogada até 2012]". De todo modo, Amaral reconhece que o IVA simplificaria o sistema tributário, reduzindo inclusive os gastos das empresas para se adequar à burocracia. "Imagino que o IVA reduziria em 40% a burocracia de todo o sistema atual." (FJ)
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