O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou que o governo está trabalhando com o mercado de capitais para desenvolver novos instrumentos para financiar o investimento em infraestrutura. “Estou orgulhoso que as pessoas adorem os títulos públicos do Brasil, mas elas também podem investir em bônus que têm ativos reais do outro lado”, afirmou em um evento em Nova York nesta segunda-feira (20).
Levy ressaltou que passou os últimos dias na reunião de primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Washington e que discutiu o investimento em infraestrutura em várias ocasiões. O tema também tem sido recorrente em fóruns do G20, o grupo dos países mais ricos do mundo, afirmou o ministro. O próprio FMI recomenda que os governos invistam mais em infraestrutura.
A habilidade de levantar recursos para infraestrutura não é única do Brasil, ressaltou o ministro, destacando que o envelhecimento da população nos países do primeiro mundo tem aumentado a demanda por ativos de longo prazo. “Queremos trabalhar com o mercado de capitais para ver se podemos desenvolver instrumentos”, afirmou, falando da possibilidade de transformar bônus de infraestrutura em uma classe de ativos global.
Essa procura por ativos de longo prazo, de acordo com o Levy, abre oportunidade para os fundos de pensão e outros investidores institucionais ao redor do mundo, incluindo no mercado de capitais do Brasil. “É preciso planejar isso bem, fazer ajustes em alguns instrumentos, criar novos instrumentos. É factível. A demanda é muito forte.”
Levy afirmou que o Brasil está se movendo de uma economia estimulada pelo consumo para outra mais do lado da oferta. “Uma melhora da infraestrutura é uma ação do lado da oferta, porque reduz custos, melhora a eficiência da economia”, disse no evento.
Levy argumentou que uma das coisas que precisam mudar no Brasil é que muito do investimento passado em infraestrutura foi financiado principalmente pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “Agora temos espaço para as empresas não precisarem tanto do BNDES, mas também do mercado de capitais”, disse ele.
“O Brasil tem uma tradição longa de ter infraestrutura conduzida pelo setor privado, uma experiência bem-sucedida, como energia, portos, telecomunicações e água”, afirmou.
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