O governo está decidido a segurar os preços da gasolina pelo menos até o fim do primeiro semestre, apesar das pressões das cotações internacionais. Se um ajuste nas refinarias for inevitável, a ordem é garantir o preço na bomba para o consumidor com a redução da Cide - tributo cobrado sobre os combustíveis.
A estratégia do Executivo agora é evitar a todo custo que qualquer oscilação de preços de combustíveis venha a causar impactos na inflação. Especialmente quando a determinação é estimular a economia com incentivos e crédito para garantir o crescimento de 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB), como quer a presidente Dilma Rousseff, o que, por si só, já exerce impacto sobre os preços.
Apesar da redução recente no valor da Cide que é recolhida nas refinarias, a equipe econômica calcula que ainda haja uma margem adicional de até 7%. Mas essa correção só aconteceria se as cotações internacionais disparassem a curto prazo. Cortar o tributo significa perda de arrecadação. Nos últimos 20 dias, o preço do barril de petróleo passou de US$ 100 para US$ 120, o que chamou a atenção do governo.
"Mas não parece que justifique qualquer movimento agora, considerando a política de se avaliarem os preços na descida e na subida. Se voltar aos US$ 100, não há tanta pressão", disse um integrante da equipe econômica ao GLOBO.
Reduzir a Cide neste momento não resolveria o descasamento de que reclama a Petrobras entre os preços da gasolina lá fora e no mercado interno, que hoje é calculado em 22% pelo governo. Trazidos para a ponta do lápis, os cálculos do Executivo apontam que, de 2005 até o ano passado, a estatal do petróleo não teve perdas. Ou seja, as perdas de quando os preços estiveram mais altos lá fora teriam sido compensadas pelos ganhos de quando estavam mais baixos.
O governo também se assegurou de que os preços do etanol não vão pressionar o bolso do consumidor como no ano passado. O abastecimento para este ano, segundo fontes do Executivo, está garantido. Ainda que haja algum problema, o país poderia, no limite, importar.
"Na última revisão, ficou claro que temos um nível confortável para este ano. O anidro está garantido para 2012. Para o ano que vem, faremos novo monitoramento", disse esta fonte.
Uma equipe do governo acaba de concluir um monitoramento do setor do etanol. A situação teria sido tão tranquilizadora que, de quinzenal, este acompanhamento passou a ser mensal.
Segundo técnicos que participam desses grupos de trabalho, sobrou álcool anidro depois que o governo mudou a mistura da gasolina. A expectativa é que o problema estaria resolvido a curto prazo. Para os próximos três ou quatro anos, é preciso esperar os resultados das medidas anunciadas no ano passado para estimular financiamentos para a estocagem e produção do setor, por exemplo, assim como o aumento da fatia da Petrobras nas vendas de etanol.