O ministro da Fazenda, Guido Mantega, deu hoje declarações enfáticas em palestra na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) a respeito da movimentação cambial que ocorre no mercado mundial nos últimos dias. Ele fez menção direta à intervenção do banco central do Japão em sua moeda ontem, afirmando que "há uma predisposição asiática de manter as moedas desvalorizadas". O ministro ressaltou que o Brasil não permitirá que o real seja valorizado de forma excessiva por conta desse cenário. "Estamos atentos a isso e não vamos permitir que isso ocorra", declarou.
Na avaliação do ministro, caso ocorra uma desvalorização de outras moedas no mundo em relação ao real, o Brasil sairia perdendo no comércio internacional em seus negócios com exportações. O ministro comentou ainda que esse movimento não foi percebido somente nos países asiáticos. "Os Estados Unidos e a União Europeia querem a mesma coisa (desvalorizar suas moedas). Faz parte da estratégia deles para sair da crise", disse. "Não vamos ficar assistindo esse jogo. Tomaremos as medidas adequadas para que o real não seja valorizado", afirmou.
Investimentos
Mantega afirmou que em um mês, ou no máximo um mês e meio, o governo divulgará medidas "para que o país tenha estrutura de financiamento mais forte". Segundo o ministro, que está preocupado com a adequação da estrutura de financiamento do país ao forte volume de investimentos, "é preciso modernizar a estrutura de financiamento, o BNDES não pode carregar tudo nas costas, o setor privado também tem de participar e tem de ter atratividade para isso".
O ministro não adiantou quais serão as medidas, mas disse que o objetivo é dinamizar o mercado de capitais e criar um mercado de crédito imobiliário, além de estimular a poupança externa do setor privado.
PIB
Mantega disse, na palestra na Firjan, que um crescimento de pelo menos 7% do PIB já "está garantido" para este ano. "Já damos de barato um crescimento de 7% do PIB este ano, esse é o mínimo que vamos crescer em 2010", disse o ministro.
Segundo ele, o Brasil está na vanguarda do crescimento mundial, perdendo apenas para a China, e pelos próximos quatro anos apresentará um crescimento médio anual de 5,8% do PIB. Mantega disse também que o país vivenciará, no final deste ano, "um dos melhores natais que já vimos", e disse acreditar que a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) deverá crescer em torno de 22% este ano.