O corte de gastos de governos e empresas, principalmente com transportes, e a menor demanda das famílias atingiram em cheio o setor de serviços. A receita nominal do setor cresceu apenas 0,8% sobre igual mês do ano passado, informou nesta quinta-feira (16) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na prática, a atividade mostrou retração, pois o dado não desconta a inflação do período, que superou 8% em 12 meses até fevereiro. “Se a demanda tivesse se mantido, o natural seria a receita crescer pelo menos o equivalente ao aumento de preços”, explicou o gerente Roberto Saldanha, da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE.
Pesquisadores do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) estimaram que o desempenho real (descontada a inflação) do setor foi um recuo de 3,7%, com quatro dos cinco setores no vermelho. A maior retração foi em transportes (-9,1%). Outros economistas encontraram uma queda ainda maior do setor como um todo. A consultoria Tendências calculou perda de 7,1%.
A piora deve se intensificar no segundo trimestre. Para o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, o ajuste fiscal, a elevação dos juros e a restrição no orçamento das famílias diante de energia, transporte público e combustíveis mais caros devem pesar ainda mais entre abril e junho. “O varejo e os serviços foram os que mais se beneficiaram dos estímulos ao crédito e do crescimento da renda nos últimos anos. No momento do ajuste, com forte queda na renda real, eles vão ser os mais penalizados.”
No Paraná
A receita de serviços no estado caiu 3,1% em fevereiro – o primeiro resultado negativo desde o início da série histórica do IBGE, em 2012 – e acumula uma retração de 1,5% no ano. No mês, foi o sétimo pior resultado do país. A queda no Paraná foi puxada pelo setor de transportes, que apresentou queda de 9,7%, em relação a fevereiro de 2014, refletindo a menor atividade econômica e os dias parados no carnaval.
As categorias outros serviços (-7,2%) e serviços de comunicação (-1%) também apresentaram queda. Os serviços prestados às famílias ainda aparentam ter fôlego, com crescimento de 13% na receita.