A primeira mulher a alcançar a presidência da Petrobras tem um estilo gerencial bem parecido com o da presidente Dilma Rousseff. Exigente e determinada, Maria das Graças Silva Foster costuma ser dura com quem não atende suas demandas. Com fama de brava, Graça Foster, como é chamada, desperta admiração daqueles que trabalham diretamente com ela por seus conhecimentos técnicos e firmeza nas cobranças que faz e também por sua garra e superação diante das dificuldades vividas na infância. Nascida em Caratinga, no interior de Minas Gerais, em 26 de agosto de 1953, mudou-se com apenas dois anos de idade para o Rio, onde cresceu no Morro do Adeus, no Complexo do Alemão, comunidade pobre que por anos foi ícone de violência da cidade, até ser pacificada em 2010. Além de uma pequena bandeira do Botafogo, seu time, Graça exibe imagens de outras paixões em sua sala espaçosa do 24o andar da sede da Petrobras. Sobre a mesa, fotos da neta de 16 anos e do casal de filhos -um estudante de jornalismo e uma médica. Também guarda uma fotografia dela junto ao atual presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli. Graça Foster gosta de caminhar e ir à missa todos os domingos. Apesar de ser católica, preserva em sua sala algumas imagens de orixás, que segundo alguns conhecidos foram lhes dadas de presente. Com uma carga de trabalho que ultrapassa diariamente 12 horas - ela chega todos os dias às 7h30 na Petrobras - Graça Foster demonstra paixão pelo trabalho. Costuma exibir com orgulho o livro de capa dura que mostra alguns trechos dos gasodutos construídos sob sua gestão -foram mais de 5 mil quilômetros em cinco anos. "Este aqui é o meu bebê", costuma dizer. Assessores, funcionários e executivos que trabalham com Graça são unânimes em destacar o que consideram a sua principal marca: o perfeccionismo. Uns relatam que ela às vezes é dura demais com quem não atende a suas exigências. Costuma visitar os projetos que dirige, para ver o andamento das obras, como fez nos cinco últimos anos à frente da grande expansão da malha de gasodutos da Petrobras. Uma das 50 mulheres em ascensão no mundo dos negócios segundo o jornal inglês Financial Times, Graça Foster tem apoio de Dilma desde 2003, quando foi indicada para ocupar a secretaria de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, que era comandado na ocasião pela atual presidente. Graduada em Engenharia Química pela Universidade Federal Fluminense (UFF), tem mestrado em Engenharia Química e pós-graduação em Engenharia Nuclear pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPE/UFRJ) e MBA em Economia pela Fundação Getulio Vargas (FGV/RJ). Funcionária de carreira da Petrobras, onde ingressou como estagiária de engenharia em 1978, assumiu a diretoria de Gás e Energia em setembro de 2007. Negociações duras Em um caso que ilustra bem a sua personalidade, Graça mandou cortar 30% do gás fornecido à distribuidora de gás do Rio, a CEG, porque a empresa não teria cumprido uma acordo estabelecido com a estatal. "Ela faz valer o que está escrito, é muito exigente e rigorosa com prazos", diz uma fonte próxima à futura presidente da Petrobras. Apesar da fama de brava, foi justamente na sua gestão à frente da diretoria de gás e energia que a Petrobras encontrou paz junto à Aneel. Graça Foster assumiu o cargo atual com o desafio de acalmar os ânimos entre a estatal a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que brigavam porque não havia gás natural suficiente para atender ao mesmo tempo os segmentos industrial, residencial e termelétrico. A reguladora queria que a Petrobras desse prioridade às térmicas, o que foi atendido sob sua gestão. A estatal colocou em prática um plano para aumentar a oferta de gás, que teve como base as enormes descobertas de petróleo (com gás natural associado) realizadas ao longo da última década e dos investimentos pesados da Petrobras em gasodutos.

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