Três tradicionais marcas de bancos brasileiros têm suas aposentadorias marcadas para o próximo ano. Comprados recentemente, Banco Real e Nossa Caixa deixarão de aparecer nas fachadas das agências, sendo substituídos pelas marcas do Santander e do Banco do Brasil, respectivamente. Após um processo de fusão com o Itaú, o nome Unibanco segue pelo mesmo caminho.

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"No mercado financeiro, há uma certa tendência de manter a marca mais forte apenas", explica Flavia Ghisi, da FIA. Desde que o Banco Central controla o setor, já "sumiram" do país cerca de 600 bancos e suas respectivas marcas. Entre elas, muitas que foram fortes e das quais a população ainda lembra – casos do Bamerindus, Nacional, Econômico e Banespa.

Santander-Real

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No Banco Real, a substituição da marca pela do Santander – que adquiriu o ABN Amro, então dono do Real, em uma operação global em conjunto com outros dois bancos europeus em 2008 – está marcada para o segundo semestre, segundo o diretor executivo de Estratégia da Marca e Comunicação Corporativa do grupo, Fernando Martins. "Isso já vinha do início, consolidar (a marca do banco) em torno da marca Santander", diz.

A complexa estratégia do Santander para substituir o nome Banco Real já começou, com a divulgação de anúncios. O objetivo dessas peças, admite o banco, é agregar à marca Santander a imagem positiva do Real, conhecido por suas práticas de sustentabilidade.

"O que estamos fazendo é transferir os atributos da marca Real para o Santander", diz Fernando Martins. "O Real traz talvez um lado um pouco mais relacional, visão de mundo, mas o Santander também agrega muito, traz um modelo de gestão muito moderno. A marca Real não se encerra, o que vai mudar é o nome".

"O Santander em termos de marca era visto como banco bastante agressivo, com bastante centralização. Já o Real é muito conhecido pela sustentabilidade. Então estão tentando fazer uma transição de reforçar isso para o Santander", diz a professora da FIA. "A unificação é para consolidar em termos de posicionamento do banco, que é ser global".

No Banco do Brasil, o processo de "aposentadoria" da marca Nossa Caixa – também comprada em 2008 -, com presença forte no estado de São Paulo, ainda vem sendo discutido, segundo Hugo Paiva, gerente executivo da Direção de Marketing e Comunicação do BB. "A idéia nossa é que qualquer movimento que se faça seja feito depois de estudos, de pesquisa. Já estamos fazendo estudo nesse sentido, sobre como essa marca se comporta na percepção dos consumidores", diz.

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Outro executivo do banco, no entanto, confirmou ao G1 que a substituição da marca Nossa Caixa pelo Banco do Brasil nas agências vai ocorrer "ao longo do ano que vem", sem dar detalhes sobre o processo. Especula-se que as primeiras agências do banco paulista devam ser convertidas em BB já no princípio de janeiro.

O processo, no entanto, não será o mesmo para o Banco do Estado de Santa Catarina (Besc), também adquirido pelo BB. Isso porque, contratualmente, o Banco do Brasil se comprometeu a manter a marca por cinco anos.

Itaú Unibanco

Procurado pelo G1, o Itaú Unibanco não quis falar sobre o futuro de suas marcas. Mas em teleconferência com jornalistas sobre os resultados do terceiro trimestre deste ano, o diretor executivo de Controladoria do banco, Silvio de Carvalho, afirmou que vai prevalecer a marca Itaú. O processo de conversão das agências deve terminar até o final de 2010.

Segundo o consultor em branding da Global Brands, José Roberto Martins, a marca Unibanco está com os dias contados: "a adoção do nome Itaú Unibanco foi protocolar, na comunicação institucional. Deve permanecer por um tempo, mas é certeza que vai sumir (a marca Unibanco). Tanto que a semana seguinte (do anúncio da fusão) já deixaram de usar o ‘nem parece banco’ (slogan da publicidade do Unibanco)", avalia.

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"O Itaú vale hoje R$ 9,878 bilhões. O Unibanco vale R$ 1,691 bilhões. Então geralmente você mantém a marca mais valorizada. Continua fazendo sentido a estratégia de manter só o Itaú, que tem uma marca muito mais reconhecida, mesmo sendo o Unibanco uma das marcas mais fortes (no país)", concorda Flavia Ghisi.

O Itaú tem histórico em "aposentar" bancos. Desde 1995, entraram para a lista, entre outros, o Banco Francês e Brasileiro (BFB), Banerj, Bemge, BEG e BankBoston.

Segundo José Roberto Martins, da Global Brands, é esperado que "sobrem" apenas grandes marcas: "as pequenas são incorporadas e o que deve permanecer é a política de comunicação da marca que pretende competir no setor. As grandes marcas acabam sobressaindo em relação às outras, independente do prestígio (da marca adquirida)", afirma.