Alexis Tsipras, primeiro-ministro grego: queda de braço às vésperas do prazo final para pagar dívida ao FMI| Foto: Stephanie Lecocq/Efe

O primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, acusou os credores internacionais de “chantagem” para salvar o país de um calote a partir de semana que vem. A declaração ocorre na véspera da reunião decisiva deste sábado (27) em Bruxelas sobre o tema.

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“Os princípios da União Europeia são democracia, solidariedade, igualdade e respeito mútuo. Esses princípios não são baseados em ultimatos e chantagens. Ninguém tem o direito de colocar em perigo esses princípios. O governo grego vai continuar lutando em favor deles”, disse Tsipras nesta sexta-feira (26), em Bruxelas, após o fim da cúpula de dois dias da União Europeia.

A Grécia quer desbloquear o acesso a 7,2 bilhões de euros, última parcela do socorro de 240 bilhões de euros recebido de ambos desde 2010. Sem esse dinheiro, o governo diz que não tem como pagar a dívida de 1,6 bilhão de euros que expira na próxima terça-feira (30) com o FMI – o fundo já avisou que não vai prorrogá-la.

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Para liberar o recurso, os credores exigem uma série de compromissos fiscais que a Grécia não quer aceitar. O país alega que já apresentou uma oferta de ajuste de 7,9 bilhões de euros nas contas públicas, mas os credores querem mais.

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Negociação

Uma reunião entre os 19 ministros de Finanças da zona do euro está marcada para este sábado (27) em Bruxelas. O encontro seria a última chance de um acordo para evitar o colapso no país.

O governo grego rejeitou ainda uma última oferta dos países da zona do euro de prorrogar por mais cinco meses a dívida em troca de receber uma ajuda de 16,3 bilhões de euros. O novo socorro dependeria, no entanto, de a Grécia concordar com as reformas exigidas. A chanceler alemã, Angela Merkel, classificou de “generosa” a proposta. “Nós tomamos um passo em direção à Grécia, agora cabe a ela adotar um passo similar”, afirmou, em Bruxelas.

Ao não pagar a dívida, a Grécia ficará sem ajuda externa pela primeira vez em cinco anos e pressionada a discutir a permanência na zona do euro. Ao mesmo tempo, o governo teme uma onda de saques bancários e a necessidade de impor um controle de retirada, medida impopular que transformaria uma crise econômica também em um problema político.

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Dilema

Eleito em janeiro sob discurso contrário a medidas de austeridade, Tsipras vive um dilema: aceitar duras reformas nas contas públicas, que podem trazer um desgaste político para seu partido, o Syriza (esquerda), ou encarar o calote e a pressão para deixar a zona do euro. Setores do seu partido e do aliado de coalizão, os Gregos Independentes, resistem a aprovar as propostas no Parlamento.

FMI e BCE exigem mais corte de gastos e endurecimento na reforma previdenciária. Cobraram que parte das medidas passe a valer a partir de julho, e não em outubro, como queriam os gregos.

Os credores querem, entre outras coisas, que o país suba de 0,4% para 1% do PIB a arrecadação em 2015 com a reforma previdenciária. Pedem também que a receita com a reforma do IVA, o imposto sobre valor agregado, seja de 1% do PIB, enquanto Atenas não aceita passar de 0,93%.

Para FMI e BCE, o governo tem de dobrar o corte previsto de 200 milhões de euros nos gastos com Defesa.

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