A produção nacional de petróleo sofreu redução de 8,5% na terça-feira, 3, comparado ao volume diário alcançado antes do início da greve dos petroleiros. A produção de gás caiu 13% . A Petrobras estima uma perda acumulada de 460 mil barris de óleo e 19,2 milhões de metros cúbicos de gás natural. A greve já dura cinco dias e, segundo a Federação Única dos Petroleiros (FUP), tem adesão de 45 plataformas na Bacia de Campos e outras 13 unidades produtoras do Rio Grande do Norte.
No Sul, a paralisação afeta também as atividades da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, a Usina do Xisto, em São Mateus do Sul, as unidades da Transpetro em Paranaguá e São Francisco do Sul, e as bases terrestres de Biguaçu, Guaramirim e Itajaí. De acordo com o Sindipetro PR e SC, cerca de 5 mil trabalhadores estão parados desde domingo, quando o movimento ganhou adesão dos petroleiros da região.
Contingência
Em nota, além de informar o impacto da greve nas operações, a empresa esclarece que está tomando as medidas necessárias para garantir a manutenção de suas atividades, preservando suas instalações e a segurança de seus trabalhadores. O esquema de contingência, considerado irregular e improvisado pelo sindicatos, mantém equipes em postos operacionais para manutenção das refinarias. Na Repar, 50 funcionários permanecem nas instalações há mais de 40 horas. Para a direção do sindicato, o número adequado seria de 80 pessoas, para manter o rodízio nas operações e garantir a saúde e a segurança dos trabalhadores.
Nesta quarta-feira, 4, o Sindipetro PR e SC suspendeu o bloqueio nos portões da Repar por força de determinação da Justiça do Trabalho de Araucária, que aplicou multa de R$ 100 mil por portão fechado durante o movimento. Funcionários terceirizados conseguiram entrar na empresa, onde cumprem funções periféricas à produção, como manutenção de equipamentos e tarefas administrativas. “Os terceirizados não podem assumir as operações. Nossa preocupação é com o estresse e o cansaço dos trabalhadores envolvidos na contingência.Por essa razão, a refinaria pode parar. Ontem, o oficial de Justiça pode comprovar que tem funcionário em desvio de função, sem treinamento para operar painéis de controle”, avisa do presidente da entidade no Paraná e Santa Catarina, Mario Dal Zot.
Abastecimento
A companhia reitera que, apesar do efeito na produção de petróleo e gás no Brasil, a distribuição está funcionando dentro da normalidade e não há previsão de desabastecimento do mercado. Segundo uma fonte da empresa, a Petrobras possui estoques de petróleo e derivados capazes de abastecer o mercado pelo período de 15 a 30 dias, dependendo do produto, mesmo com refinarias paradas. No comunicado de ontem, a estatal não indicou impactos na produção de derivados.
No Paraná, o comando de greve garantiu que não houve impacto na produção e distribuição de derivados como GLP, diesel e gasolina. Mesmo com a paralisação, a distribuição está mantida e, na avaliação da direção do sindicato, não há razão para ajustes de preço dos produtos nos postos de combustível, uma vez que os estoques estão altos. “Esses aumentos de preços são abusivos e especulativos”, disse Dal Zot. Durante a terça-feira, 3, o Sindicato recebeu denúncias de reajustes de preços em postos de Curitiba.