A greve dos trabalhadores da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, que nesta segunda-feira (16) em seu 2º dia, pode atrasar a retomada da produção da empresa, paralisada em razão de um acidente seguido de incêndio ocorrido no final de novembro.
Na semana passada, a Agência Nacional de Petróleo (ANP) informou que a refinaria voltaria a operar nesta semana, com dois terços da carga usualmente processada. No entanto, o Sindicato dos Petroleiros do Paraná e Santa Catarina (Sindipetro-PR/SC) afirma que a greve envolve funcionários essenciais para a retomada dos serviços, o que pode atrasar a retomada da produção. Conforme o sindicato, grevistas atuavam nos reparos da unidade afetada, o que pode complicar ainda mais a situação.
A greve foi deflagrada, segundo os trabalhadores, porque a empresa não aceitou as propostas feitas pelo sindicato para aumentar a segurança no local. "A greve é exclusivamente pela questão de segurança dos trabalhadores", declarou o diretor do Sindipetro-PR/SC Anselmo Ruoso. Ele diz que considera "o cúmulo da falta de prevenção contra um acidente" a retomada da produção com as condições atuais da refinaria.
Na manhã desta segunda, o sindicato realizou uma assembleia com os funcionários do turno da manhã. No local, o clima era pacífico. Uma tenda branca foi montada para concentrar os grevistas em frente à refinaria, que permanecia com as entradas liberadas.
Exigências
O Sindipetro-PR/SC exigiu descanso de 24 horas para os trabalhadores inseridos na escala de jornada de seis dias de trabalho para um de folga, em turno fixo, antes da retomada dos trabalhos da unidade que levaria em torno de quatro a cinco dias e demandaria "muita manobra destes funcionários", explica Ruoso.
Entre as exigências também estava a contratação de 400 trabalhadores para que a unidade pudesse voltar a operar com um número suficiente de pessoas para garantir a segurança. Após recusas da Repar em ceder à contratação, o sindicato reformulou a proposta e pediu, pelo menos, um novo funcionário por turno, o que resultaria em três novos contratados. Mas, segundo Ruoso, a proposta não foi aceita.
Os trabalhadores ainda querem o monitoramento ambiental e biológico dos funcionários expostos ao hidrocarboneto e uma resposta da gestão da empresa quanto às questões da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes.
O sindicato reclama, também, que, com a deflagração da paralisação, que já afetou o serviço dos petroleiros do turno das 15h30 deste domingo (15), trabalhadores do setor de operação que entraram às 7h30 de domingo continuavam em seus serviços até as 9 horas de hoje. Eles, inclusive, teriam entrega à entidade um abaixo assinado que não querem ficar em jornada estendida.
Por volta das 9h10, a Repar foi procurada para comentar as declarações do Sindipetro-PR/SC; a reportagem aguarda retorno.
Acidente
No fim de novembro, a Unidade de Destilação U-2100 da refinaria teve o funcionamento paralisado em consequência do acidente seguido de incêndio ocorrido no dia 28 de novembro. Desde então, a produção na refinaria, conforme informações do sindicato, é normal apenas no setor de tancagem da refinaria, onde é estocada parte da gasolina e do diesel. A Repar tem sido abastecida com combustíveis trazidos através de Paranaguá e São Francisco do Sul (SC).
Inicialmente, a Repar deve voltar a operar com dois terços da carga usualmente processada quando retomar a produção. A produção plena da refinaria da Petrobras não poderá ser atingida logo porque uma das colunas da unidade de destilação está danificada, bem como o condensador, equipamento que faz o resfriamento nesta etapa do refino, afirmou o diretor da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Waldyr Martins Barroso.
A previsão da Petrobras era de retomar as atividades na refinaria no dia 17 de dezembro a plena carga. Para a ANP, a causa do acidente já foi identificada: o uso de um tipo de aço inadequado, mais fraco para uma suportar as elevadas temperaturas de uma refinaria.
A Petrobras está importando mais derivados para dar conta de substituir a produção da refinaria, que responde por cerca de 10% do abastecimento do país. Procurada, a Petrobras não comentou imediatamente as informações da ANP e a reportagem aguarda retorno da empresa.