A greve de 24 horas dos bancários de Curitiba e região metropolitana, que estão em campanha salarial há um mês, começou nesta sexta-feira (28) com a adesão de 43% da categoria. Dos 16 mil trabalhadores que atuam nos bancos da capital e de mais 29 municípios da região metropolitana, cerca de sete mil já estão de braços cruzados. Sete cidades do interior do Paraná também aderiram ao movimento.
O bloqueio em Curitiba foi iniciado em 30 agências concentradas no Centro, inclusive nos caixas eletrônicos destes estabelecimentos. Ao todo, são 283 na capital. Também estão fechados seis centros administrativos. Ainda não há registro de adesão na região metropolitana.
De acordo com o Sindicato dos Bancários, após a definição pela paralisação na noite de quinta-feira (27), foram distribuídas faixas e outros materiais de apoio para a greve e o fechamento das agências deve ser gradativo. "O maior movimento está concentrado nas agências do Centro de Curitiba, mas já tive notícia de agências da Manoel Ribas, nas Mercês, que estão aderindo", relata o secretário de finanças do Sindicato dos Bancários e representante do comando nacional, Otávio Dias.
Pela manhã, é possível que os clientes encontrem agências abertas. "O ideal é que os clientes procurem as agências de seus bairros. São muitos pontos de atendimento, em um bairro ou outro poderá ter expediente", afirma Dias. Como o horário normal de atendimento nas agências é a partir das 10 horas, o sindicato deve ter um panorama mais claro de como está a adesão à paralisação por volta de meio-dia. "O movimento é crescente, com certeza no fim do dia teremos tido mais agências fechadas do que está acontecendo agora. Isso sempre acontece", diz o secretário.
Campanha salarial
Os bancários estão em campanha salarial desde 28 de agosto. Neste um mês de mobilização, eles vinham realizando atos de conscientização, sem impedir o atendimento aos clientes. Apenas em um deles, na semana passada, três grandes agências chegaram a ser fechadas por meio expediente.
A categoria reivindica reajuste salarial de 10,3%, que inclui as perdas com a inflação e mais 5,5% de aumento real. Eles querem, ainda, Participação em Lucro e Resultado de dois salários, mais parcela fixa de R$ 3.500. Na última rodada de negociações entre o Comando Nacional dos Bancários e Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), realizada na terça-feira (25) em São Paulo, os representantes dos bancos reapresentaram a proposta de aumento de 4,82%.
Uma nova rodada de negociações acontece entre os representantes dos trabalhadores e dos banqueiros às 14 horas desta sexta-feira, em São Paulo. Se não houver acordo, os bancários fazem nova assembléia às 18h30 de terça-feira (2) e podem declarar greve a partir de quarta-feira (3).
De acordo com Otavio Dias, a paralisação tem o objetivo de pressionar os banqueiros a apresentar uma nova proposta. "Já houve quatro rodadas de negociações que não avançaram. A única forma de atingirmos nosso objetivo será com esta advertência", afirma.
O superintendente de relações de trabalho da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), Magnos Ribas Apostólico, classificou a paralisação como um absurdo. Segundo ele, não há motivos para os bancários entrarem em greve, pois as negociações estão abertas. "Teremos uma reunião com o comando ainda nesta sexta. Não tem motivos para paralisação. As negociações estão em andamento", alega.