A combinação de início do mês, época de pagar as contas, com a greve dos bancos, que teve início nesta terça-feira (6), aumentou o movimento das lotéricas em Curitiba. Além dos clientes que procuram os estabelecimentos para essa finalidade, as casas passaram a receber pessoas para realizar outras operações, como saques e pagamento de boletos.
No início da tarde, a fila da lotérica A Municipal, próxima à Praça Carlos Gomes, no Centro, chegava até a calçada. A gerente, Miriele Portela, conta que um dos motivos para a alta é a “descoberta” de que as casas podem prestar outros serviços, como depósitos em contas da Caixa e o pagamento de boletos de outros bancos, até o limite de R$ 700.
“Com a greve, o movimento deve ser todos os dias assim. Mas é muito comum que as pessoas se confundam quanto ao que pode ou não ser feito nas lotéricas”, disse ela. Nos estabelecimentos, por exemplo, não é possível realizar saques sem o cartão da Caixa, pagar boletos após a data de vencimento de outros bancos ou os boletos da Caixa acima dos R$ 2.000.
Uma das atendentes da Lotérica Comendador, no Centro, lembra os consumidores que a paralisação dos bancários não muda os procedimentos realizados pelas casas. “Passado o início do mês, os próximos dias vão ser mais complicados, porque nós continuamos oferecendo os mesmos serviços”, afirma.
Tira-dúvidas
Veja os serviços oferecidos pelas lotéricas
- Pagamentos de contas de luz, água, telefone, aluguel e condomínio dentro do prazo de vencimento, com exceção das que podem ser pagas apenas em agências da Caixa. Contas de água e de luz com mais 25 dias de atraso não podem ser pagas nas casas.
- Pagamento de boletos de outros bancos, no valor máximo de R$ 700, e da Caixa, no valor máximo de R$ 2.000.
- Depósitos para contas da Caixa e saques com o cartão do banco de até R$ 1.500 diários, de segunda a sexta, e de R$ 500, aos sábados. Saques do Banco do Brasil também podem ser feitos com o cartão, com limite de R$ 500, de segunda a sábado.
- Pagamento de multas de trânsito que forem impressas pela internet e com pagamento em outros bancos. As faturas recebidas em casa não podem ser pagas.
- Saques do FGTS e do seguro-desemprego com o Cartão Cidadão.
Em Curitiba e região, 12 mil bancários paralisaram as atividades
A greve dos bancários teve uma maior adesão dos trabalhadores nesta quarta, segundo o Sindicato de Curitiba e Região. O órgão divulgou no início da tarde que cerca de 12 mil pessoas cruzaram os braços. Ao todo, 212 agências e 11 centros administrativos foram afetados, o que representa 65% dos funcionários. Na terça, o sindicato calculava que 60% da classe havia entrado em greve.
A categoria reivindica reajuste salarial de 16% mais piso salarial de R$3.299,66 e plano de carreira com reajuste anual de 1%. Além disso, os bancários pedem auxílio-refeição, alimentação e creche no valor de R$ 788 cada e Participação nos Lucros e Resultados de três salários mais R$ 7.246,82 fixos.
As negociações foram finalizadas no dia 25 de setembro, após a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) oferecer 5,5% de reajuste de salários, índice abaixo da inflação de 9,88% (INPC), e benefícios mais abono de R$ 2.500.
No Brasil, número de grevistas sobe para 50 mil no segundo dia, diz sindicato
A greve dos bancários chegou ao seu segundo dia com a adesão de 50 mil funcionários em todo o país, 12 mil a mais que o número registrado no primeiro dia. Também houve aumento no número de locais de trabalho que estão com as atividades suspensas, de 600 para 616, sendo 593 agências e 23 centros administrativos.
As informações são do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, o maior do Brasil.
Em nota, a Fenaban disse que tem com as lideranças sindicais uma prática de negociação pautada pelo diálogo e reiterou que continua aberta a negociações.
A entidade argumenta que o reajuste proposto de 5,5% está em linha com a expectativa de inflação média para os próximos 12 meses.
A entidade diz ainda que propõe um abono imediato de R$ 2.500,00 a todos os 500 mil bancários. Além disso, a proposta econômica já apresentada às lideranças sindicais prevê a participação nos lucros dos bancos, de acordo com uma fórmula que, aplicada por exemplo ao salário-piso de um caixa bancário, de R$ 2.560,00, pode garantir até o equivalente a quatro salários.
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