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A adesão dos bancários à greve nacional deflagrada na terça-feira (30) continua bem maior em bancos públicos do que nos privados de Curitiba. As agências da Caixa Econômica e do Banco do Brasil (BB) estão todas sem atendimento presencial na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), conforme informações do Sindicato dos Bancários. A exceção são postos de atendimento -- como na Prefeitura, Departamento de Estradas e Rodagem (DER) e Departamento Estadual de Trânsito (Detran) --, em que funcionários estão filtrando o atendimento, aceitando apenas clientes da instituição.
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Clientes do HSBC, Itaú, Santander e Bradesco ainda tinham opções de atendimento em agências de bairros como Portão e Batel. Algumas unidades tinham adesivos relativos à greve nas fachadas, mas estavam funcionando. O presidente do sindicato da região, Elias Jordão, reconhece que a mobilização nos bancos estatais costuma ser maior do que em privados. Conta para isso, diz ele, as pressões pela manutenção do emprego e do cumprimento de metas. "Sendo franco, tem uma coisa de pressão muitas vezes de gestores, de diretoria, e o funcionário do banco privado sente mais", diz ele, que é funcionário do Bradesco.
No segundo dia de greve, afirma o Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, o número de agências fechadas subiu de 145 para 238, entre as 532 da região. A abrangência da greve, então, passou de 31% no primeiro dia para 44% das unidades -- abaixo do registrado pela entidade no segundo dia da greve de 2013, quando metade estava fechada. A situação diz respeito à falta de atendimento presencial, uma vez que os caixas eletrônicos continuam disponíveis nas agências.
Também explica que a adesão à greve esteja se mostrando mais gradativa neste ano a dinâmica (nas palavras de Jordão) instaurada pela atual gestão do sindicato, que assumiu em 2014. O presidente afirma estar estimulando a participação espontânea dos bancários. "Recebo hoje solicitações de [funcionários de] bancos pedindo material [de divulgação]. Estamos tentando ir numa linha de você tem que participar, venha buscar o material e ajude a convencer trabalhadores de outras agências, diz Jordão. "Esse modelo pode ter dado, não diria uma refluída, mas [contribuído para um] avanço um tanto menor. Mas tem sido mais educativo".
Nacional
No segundo dia de paralisação nacional dos bancários, a adesão à greve cresceu e os trabalhadores fecharam 7.673 agências em todos os Estados. O número representa um terço de todas as 22.987 unidades bancárias do país. Na terça-feira (30), quando a greve começou, 6.572 agências, ou 28,6% do total, não abriram as portas. Os levantamentos foram realizadas pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT). A Federação Brasileira de Bancos, a Febraban, não realiza um balanço diário para averiguar a extensão da greve.
A paralisação foi fortalecida nesta quarta-feira (1º) com a adesão de funcionários de call center do Banco do Brasil, Bradesco, Santander e HSBC, além de centros administrativos do Itaú Unibanco. A Febraban, no entanto, afirma não ter registrado problemas nos atendimentos por telefone. A entidade diz que o serviço é em grande parte automatizado e representa apenas 4% dos 40,2 bilhões de transações realizadas em 2013.
Bônus
No caso de alguns cargos -- em especial, cargos de chefia -- a remuneração variável, que muda conforme metas atingidas, também contribui para a baixa adesão à greve desses profissionais. Mesmo em agências de bancos estatais, os gerentes continuaram prestando atendimento ontem, apesar de raramente atenderem ao público diretamente. Essa é a forma que aposentados e pensionistas têm encontrado para resolver problemas ao receber benefícios -- desbloquear cartões, por exemplo.
A função de orientação tem sobrado ainda para funcionários terceirizados e menores aprendizes, que trabalham normalmente em unidades do BB e da Caixa. A Gazeta do Povo consultou os dois bancos sobre o assunto, mas apenas a Caixa respondeu. Via assessoria de imprensa, o banco informou que incentivou as agências a manterem funcionários atendendo à população, só que a decisão continua sendo de cada agência.
Longa, greve de 2013 também teve adesão gradativa
A greve dos bancários do ano passado foi a mais longa desde 2010 -- durou 23 dias. Da mesma forma que vem ocorrendo neste ano, o fechamento de agências na Grande Curitiba também foi gradativo. Em 2010, quando 61% das agências foi fechada nos dois primeiros dias, a greve durou menos: 15 dias.
Mas, segundo o Sindicato dos Bancários de Curitiba, a expectativa é que a greve longa de 2013 não se repita em 2014, apesar de a reivindicação de reajuste salarial seja ainda maior (12,5% contra os 11,9% do ano passado).
"Em 2013, estivemos em plena discussão da PL43, que os bancos tinham interesse de passar porque regulamentava a terceirização. O processo negocial teve um pano de fundo de enfrentamento. São cenários que fogem do controle do processo de negociação", afirma o presidente do sindicato, Elias Jordão.