Estratégia
Planos de saúde também investem
As empresas de planos de saúde, com dinheiro em caixa, também vêm investindo em hospitais próprios, como forma de ganhar escala e reduzir custos. A Paraná Clínicas, que há quase dois anos inaugurou um novo centro hospitalar e de diagnósticos no bairro Água Verde, com recursos de R$ 35 milhões, estuda a construção de mais um hospital, agora em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. Embora não revele detalhes do projeto, o presidente da empresa, Hamilton Leal Júnior, diz que a intenção é atender a demanda dos funcionários das fábricas da região. "Há uma tendência de criação de hospitais de baixa complexidade em áreas menos centrais. Hoje há dificuldade e demora no deslocamento dessa população para Curitiba." A Amil, que há três anos comprou o Hospital Milton Muricy, em Curitiba, está ampliando entre 20% e 30% os investimentos nas suas unidades hospitalares que incluem mais três centros médicos , segundo Fabricio Hito, diretor de serviços próprios. Os recursos devem somar R$ 1,8 milhão em 2010. A Amil também está mudando o nome do hospital, que passará a se chamar Vitória a partir da próxima semana, e concentrando as suas operações em cirurgias de grande porte em áreas como cardiologia, ortopedia e neurologia. Hoje esses procedimentos mais complexos representam 7% das operações e a meta é chegar a 15%. Para Hito, a verticalização das empresas do setor é tendência forte para os próximos anos. "É uma forma de fortalecer a rede própria", diz ele, que prevê que o crescimento da cidade vai demandar investimentos na área. (CR)
Especialização
Alta complexidade ganha espaço
O Hospital Marcelino Champagnat será o primeiro hospital do grupo Aliança Saúde que administra também o Cajuru e a Santa Casa que vai atender exclusivamente pacientes particulares e de convênio. Será voltado para atendimento de alta complexidade, com foco em áreas como cardiologia, ortopedia e neurologia.
Com previsão de ficar pronto em outubro de 2011, o Marcelino Champagnat vai funcionar em uma área de 27,5 mil metros quadrados em um prédio de dez andares. Ao todo serão 118 leitos, sendo 31 destinados à Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) 11 deles voltados para atendimento coronariano. O hospital, cujo projeto será apresentado oficialmente na próxima terça-feira, terá sete salas cirúrgicas, serviço de pronto atendimento 24 horas, com equipes presenciais de clínica médica, geriatria, neurologia, cardiologia, cirurgia geral, ortopedia e anestesiologia. Além disso, oferecerá serviços de concierge, hotelaria e gastronomia.
Contas
A construção do novo hospital faz parte dos planos de alcançar o equilíbrio financeiro do grupo, segundo Claudio Lubascher, diretor do hospital. "O SUS representa hoje 80% dos atendimentos dos demais hospitais. No entanto, ele remunera apenas 60% do custos, o que faz com que quanto mais atendimentos públicos fazemos, maior seja o nosso déficit". Com o novo hospital voltado para convênios e particulares, a conta financeira passará a fechar. A ideia é que até 2015 a participação do SUS caia para 60% dos atendimentos, de acordo com Álvaro Luis Quintas, diretor do grupo Aliança Saúde.
O projeto de construção de mais um hospital começou há dois anos e envolveu a participação de 13 equipes. O objetivo é ser referência em atendimentos de alta complexidade, a exemplo dos grandes hospitais paulistas, como o Sírio Libanês e o Samaritano, afirma Lubascher. "Curitiba tem como se firmar como um polo para atender a população também de outros estados", diz.
Do total de R$ 50 milhões em investimentos, R$ 43 milhões são de capital próprio. Os R$ 7 milhões restantes vêm de terceiros, que atuam na área de diagnóstico por imagem. O hospital deve gerar entre 650 e 700 empregos.
De acordo com Lubascher, o mercado de saúde suplementar tem grande potencial de crescimento nos próximos anos. A Aliança prevê que o volume de atendimentos privados na sua rede deve crescer entre 20% e 30% em 2010. O faturamento do grupo deve chegar a R$ 200 milhões dos quais R$ 165 milhões na área de hospitais , com avanço de 5% sobre 2009.
A Aliança Saúde é o braço de saúde da Associação Paranaense de Cultura (APC), que mantém a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). É formada pelo Hospital Universitário Cajuru, pela Santa Casa de Misericórdia, o Hospital Nossa Senhora da Luz, a maternidade Alto Maracanã e o plano de saúde Ideal, dentre outros. (CR)
O mercado hospitalar de Curitiba volta a ser alvo de investimentos depois de um período de entressafra. Entre novas unidades, ampliações e reformas, os principais grupos privados e filantrópicos com operação na cidade projetam investimentos de pelo menos R$ 136 milhões até o fim do próximo ano. Eles se concentram em áreas como pronto-socorros, cardiologia, neurologia, oncologia e ortopedia. O crescimento da economia, o envelhecimento da população que propicia maior incidência de doenças e o aumento no número de clientes de planos de saúde impulsionado pelo emprego e pela renda estão fazendo com que grandes grupos do setor resolvam tirar da gaveta seus projetos de expansão.
Boa parte dos investimentos tem como objetivo atender a demanda crescente da saúde suplementar. Em cinco anos, cerca de 10 milhões de brasileiros passaram a ter plano de saúde em todo o país. Segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), hoje já são 44 milhões. Somente na região de Curitiba o número cresceu 20% no período e alcançou 1,171 milhão de beneficiários.
"Além disso, os novos processos de acreditação dos planos de saúde estão forçando investimentos em melhoria tecnológica e treinamento de pessoal por parte dos hospitais", diz o vice-presidente da Federação dos Hospitais do Paraná (Fehospar), Luiz Rodrigo Milano.
A Aliança Saúde, ligada à PUCPR/Santa Casa, está à frente do maior investimento do setor no momento, com a construção do Hospital Marcelino Champagnat, que deve ficar pronto em 2011 e absorver R$ 50 milhões. "Há uma demanda crescente na saúde privada. Ao mesmo tempo, a estabilidade do câmbio nos atuais patamares permite a importação de tecnologia a custos compatíveis com o investimento" afirma Claudio Lubascher, diretor do hospital.
A Fundação de Estudos das Doenças do Fígado (Funef), que administra o Hospital São Vicente, adquiriu em abril o Hospital Santa Izabel, na Cidade Industrial de Curitiba. Segundo Marcial Carlos Ribeiro, diretor da Funef, deverão ser investidos cerca de R$ 35 milhões na ampliação do Santa Izabel nos próximos dois anos. Até lá, o número de leitos do hospital, voltado para o SUS, deve passar de 45 para 190. "Dentro de seis meses vamos colocar em operação uma nova unidade de diagnósticos e, em 12 meses, uma de oncologia", diz. Um dos andares também vai se transformar em um hospital-hotel para idosos.
Com previsão de crescer 25% em 2010, o Hospital Santa Cruz programa investimentos de R$ 6 milhões para 2010 em estrutura, equipamentos, capacitação e implantação de novas áreas de atendimento. Outros R$ 16 milhões serão aplicados em 2011, na construção de mais dois prédios. O primeiro abrigará mais 30 novos consultórios. O segundo, que terá quatro pavimentos, terá um andar exclusivo para radioterapia, o novo centro de diagnóstico de imagens e um novo centro cirúrgico, com 12 salas para as áreas de ortopedia, neurologia e cirurgia geral. "O mercado está crescendo exponencialmente no Brasil, o que ocorre de forma muito tímida em Curitiba. Isso representa uma grande oportunidade de crescimento, inclusive por meio de aquisições de unidades", afirma Alexandre Oliveira Franco, diretor do hospital, que deve criar 110 novos empregos em 2011. Com faturamento previsto de R$ 100 milhões para 2010, o Santa Cruz também tem um projeto de construção de uma nova torre, de 13 mil metros quadrados, que deve ficar pronta em dois anos.
Depois de um período de crise entre 2004 e 2005, que culminou com o fechamento de leitos e a migração para a saúde suplementar, o Hospital Nossa Senhora das Graças iniciou um processo de retomada de investimentos. Em 2010, serão R$ 5,5 milhões, principalmente na área de UTI, no centro cirúrgico e na nova ala de transplantes de medula óssea para pacientes que não são parentes, de acordo com Luiz Eduardo Blanski, diretor executivo do grupo.
Consolidação
O grupo Vita, por sua vez, está investindo cerca de R$ 6 milhões nos dois hospitais que opera no estado o Vita Batel e o Vita Curitiba. O dinheiro está sendo aplicado para melhorar a infraestrutura de atendimento, na área de tecnologia da informação e no projeto do novo pronto socorro infantil da unidade Curitiba.
Segundo José Octavio Leme, diretor regional, o Vita deve crescer 10% em 2010 e vem estudando a construção e a aquisição de hospitais no país, com foco nos mercados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina. Para ele, o mercado de hospitais deve experimentar um período de consolidação, a exemplo do que ocorreu com o setor de planos de saúde. "Grandes grupos hospitalares vêm firmando parcerias com fundos financeiros para aquisições no mercado e essa parece ser uma tendência para os próximos anos", acrescenta.
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