Os hospitais filantrópicos estão acelerando parcerias com a iniciativa privada e governos para tentar dar conta da necessidade de investimentos e driblar o déficit gerado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Com 62% dos atendimentos voltados para pacientes do sistema público de saúde, o hospital infantil Pequeno Príncipe conta hoje com convênios com o governo e tem 120 grandes empresas como patrocinadoras, além de cerca de 300 doadores pessoa física. "O SUS gera um déficit anual da ordem de R$ 10 milhões para o hospital. De cada de R$ 100 em atendimentos, o SUS paga R$ 60", diz Ety Forte Carneiro, diretora executiva do hospital. "Hoje todos os investimentos têm de passar por parcerias."
De acordo com a diretora, as dificuldades financeiras provocaram o fechamento de 2 mil leitos de hospitais filantrópicos no Paraná nos últimos cinco anos.
O Pequeno Príncipe, que há um ano e meio inaugurou uma ampliação de R$ 12 milhões, está investindo agora no aumento dos serviços de emergência o número de atendimentos por mês deve passar de 9 mil para 12 mil a partir de novembro e na melhoria do atendimento e de gestão do hospital.
Também está programada a centralização dos ambulatórios, projeto que deve ficar pronto até 2012, e o aumento de salas do centro cirúrgico, para o próximo ano. Juntos, os projetos devem demandar recursos de cerca de R$ 4,5 milhões. O hospital também se prepara para começar a fazer transplantes de medula óssea em dezembro.
Revitalização
O Evangélico está construindo um novo complexo de 4 mil metros quadrados, que inclui um novo pronto socorro, um centro cirúrgico, UTI, central de materiais esterilizáveis e heliponto. A obra, que será bancada pelo Ministério da Saúde, deve ficar pronta em dois anos. Para o próximo ano, está programada a revitalização do hospital, com a migração de parte dos leitos que hoje são destinados ao atendimento público para convênio, segundo a superintendente administrativa, Karina Paciornik. "Estamos finalizando o projeto e a ideia é estabelecer parcerias para viabilizar os recursos", diz. De acordo com ela, a mudança será possível porque a nova unidade do hospital na Rua Princesa Isabel, que tem 92 leitos, será destinada ao SUS.
O hospital Erasto Gaertner, especializado em oncologia, programa um investimento de R$ 12 milhões, por meio de parcerias com a população e a iniciativa privada, para terminar o prédio que está sendo construído anexo ao atual. "Com o projeto, será possível multiplicar por cinco o atendimento ambulatorial, aumentar de 165 para 195 o número de leitos e triplicar o volume de transplantes de medula", diz Flavio Tomasich, superintendente do hospital. Segundo ele, depois de um ano ruim em 2009 o hospital demitiu cerca de 200 pessoas e segurou investimentos , esse ano está sendo de recuperação. Por conta da crise, os atendimentos por convênios e o ritmo de doações da iniciativa privada diminuíram, com reflexos na situação financeira do hospital. "Esse ano voltamos ao ritmo de antes da crise e aos poucos estamos recontratando pessoal." Com cerca de mil empregados, o Erasto Gaertner tem 95% dos atendimentos voltados para o SUS.