A companhia aérea nacional do Iêmen, dona do avião que caiu no oceano Índico na semana passada, ameaçou nesta terça-feira cancelar um acordo de 2 bilhões de dólares para compra de 10 aeronaves da Airbus se a empresa fabricante não demonstrar "apoio moral e na mídia" em relação ao desastre.

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Desde a queda de um Airbus A310-300 nas imediações do arquipélago de Comores na semana passada, há crescente incerteza sobre se a encomenda será mantida, num momento em que muitas companhias aéreas enfrentam dificuldades financeiras.

"Se nós não recebermos apoio do fabricante, podemos reconsiderar o memorando de compromisso assinado antes para a compra de 10 aviões A350", disse à Reuters o presidente da companhia aérea Yemenia, Abdul-Khaliq al-Qadi.

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Em resposta à pergunta sobre o tipo de apoio que ele espera, Qadi disse: "Apoio moral e na mídia depois do acidente."

A queda, que deixou apenas uma sobrevivente entre as 153 pessoas a bordo, levantou dúvidas sobre os procedimentos de segurança da Yemenia, empresa controlada pelo Estado, e causou irritação entre os comorenses que vivem na França.

No entanto, Qadi afirmou: "A Yemenia espera apoio do fabricante porque sua história em mais de 40 anos demonstra competência."

Um porta-voz da Airbus disse que a fabricante havia oferecido todo o apoio pós-acidente que foi solicitado ou que lhe permitiram oferecer.

"Em todas as investigações há normas estritas (sobre comunicações na mídia) que nós e todo mundo tem de seguir, e nós temos cumprido essas determinações rigorosamente", declarou um porta-voz da Airbus.

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Quanto à futura encomenda de aviões, ele disse: "Estamos em contato permanente com a Yemenia, bem como com todos os outros clientes, mas as conversas são confidenciais."

A Yemenia fez a encomenda para 10 jatos da próxima geração de Airbus, no valor de 2 bilhões de dólares, em 2007, para dar um salto no que define como um ambicioso plano de expansão.

Qadi reiterou que "não houve nenhuma falha técnica no aparelho" que se acidentou e disse que a mídia se precipitou no julgamento da companhia aérea.

A União Europeia informou na semana passada que o avião acidentado havia sido alvo de uma investigação dois anos atrás sobre os procedimentos de segurança da Yemenia. A França afirmou que havia proibido a aeronave de pousar em seu solo.

A Agência Europeia de Segurança na Aviação também suspendeu em fevereiro o direito de a Yemenia realizar reparos em aviões que têm como sua base a União Européia, depois de não ter sido aprovada em inspeções, disseram autoridades do bloco europeu.

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As autoridades de aviação do Iêmen negaram que a companhia tivesse tido quaisquer problemas de segurança e afirmaram que seus aparelhas passavam por manutenção cuidadosa.

Observadores da indústria da aviação lembraram que a Yemenia tinha um certificado válido de auditoria da Iata, entidade do setor de transporte aéreo, da qual a companhia é membro.