Iniciativas

As taxas podem ser usadas para incentivar boas práticas ambientais ou reprimir aquelas que são consideradas danosas. Abaixo, algumas experiências nesse sentido.

Imposto que incentiva

• Despesas com prevenção e controle da poluição podem ser deduzidas dos impostos devidos na Austrália, Bélgica Japão e Noruega.

• Em Portugal, investimentos ambientais das empresas podem ser abatidos dos impostos, assim como despesas pessoais com a implantação de fontes de energia renovável podem ser abatidas do imposto de renda.

• Investimentos para o aumento da eficiência energética podem ser deduzidos na Áustria, Suíça e Turquia.

• Na Turquia, gastos com pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias podem ser deduzidos até um limite de 20% do imposto corporativo devido.

Imposto como regulador:

• Na Austrália e nos Estados Unidos, cobra-se um imposto sobre o uso e a venda do gás natural.

• Na Bélgica, cobra-se uma sobretaxa de US$ 0,004 por megajoule de energia consumida.

• Na Austrália, o estado de Nova Gales do Sul cobrou uma taxa transitória pelo uso da água entre 1989 e 1993. Vinculada a um programa de política ambiental, a taxa arrecadou cerca de US$ 600 milhões no período.

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Parece inadequado vincular impostos ao clima, mas é desse raciocínio que virão as chamadas "Cides ambientais". Ou as "Cidas", se pegar a sigla para Contribuição sobre Intervenção no

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Domínio Ambiental, uma evolução da taxa que incide hoje sobre os combustíveis. Pela possibilidade de taxar produtos iguais de forma diferente, conforme seu impacto ambiental e social, as Cidas talvez sejam os instrumentos mais justos que integram a reforma climático-tributária.

E devem se tornar as principais fontes de recursos para o governo enfrentar os gastos trazidos pelo aquecimento global. Quem estuda o assunto diz que não há outro jeito. Desde que os povos começaram a guerrear por territórios e a cobrar tributos dos perdedores, imposto virou fator de integração política e pilar de sustentação econômica. Em alguns países, lembra o tributarista Gilberto Amaral, há até um certo fervor patriótico ligado ao cumprimento das obrigações com o Fisco.

Atarantados pelo sistema tributário mais complexo e mais caro do mundo, os brasileiros estão longe de sentimentos nobres pelos 62 tributos cobrados no país, coadjuvados por efeitos cascata horizontal (quando o mesmo tributo incide várias vezes em diversas etapas de produção e circulação) e vertical (quando incide sobre outros tributos).

Ainda assim, afeiçoados ou não ao tema, os contribuintes terão de abrir o bolso para novidades que estão em gestação e devem, segundo Amaral, "quebrar paradigmas internacionais" na conceituação sobre tributos, o que nos obriga aqui a um pouco de teoria.

Hoje, o sistema tributário internacional, o que inclui o nosso, é do tipo "puro". Impostos, taxas e contribuições têm finalidades distintas. Mas tudo caminha para um sistema híbrido, em que as funções vão se misturar. Um mesmo imposto poderá ter finalidade de arrecadar e de regular o mercado. Já há alguns exemplos disponíveis: o governo de São Paulo dá desconto no IPTU para os donos de imóveis que apresentam notas fiscais de serviços utilizados. Ou seja, a medida estimula o contribuinte a exigir nota fiscal, o que obriga o prestador de serviço a recolher o imposto. Se perde um pouco no IPTU, ganha no ISS e combate a sonegação. A mesma medida pode agora ser estendida para o IPVA.

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Em âmbito nacional, a implantação do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) será a espinha dorsal do novo modelo tributário. Ele resultará da fusão do ICMS, da Cofins, do IPI e do ISS e a partilha será automática entre União, estados e municípios.

Um dos aspectos inovadores é que ele considerará como crédito o montante da folha de pagamento. "Isto será uma verdadeira revolução no conceito mundial de imposto sobre valor agregado", ressalta Amaral.

O outro aspecto fundamental da mudança no sistema tributário será a intensificação da tributação ambiental. O mecanismo é simples: trata-se de utilizar alíquotas maiores para as atividades que provoquem impacto ambiental, e de reduzir a cobrança sobre as atividades de proteção e recuperação do meio ambiente.

Com isso, o governo poderá tributar de maneira diferente produtos iguais, o que hoje é impossível. Se uma roupa é fabricada com tecido reciclável, por exemplo, o imposto a ser pago pode ser menor do que o de um similar sem essa característica. Questões sociais, como boas condições de trabalho e remuneração, também serão determinantes na incidência de imposto. Empresas ambientalmente e socialmente responsáveis terão uma conta menor a acertar com o Fisco.

O estudo de cenários do IBPT também aponta que a tendência é de que, a partir de 2016, após a consolidação do IVA, o governo crie um imposto específico sobre o consumo de determinados bens como fumo, bebidas e perfumes.

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