A aprovação do pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, não deve agravar a crise e sim ‘arejar’ o ambiente político, criando condições para que a economia volte a andar. Esta é a avaliação das principais lideranças do setor produtivo paranaense, que enxergam no processo uma saída para o país retomar o crescimento. Para os representantes das entidades, independentemente do resultado, o pior seria o país permanecer na situação em que se encontra atualmente.
Para José Eugenio Gizzi, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Paraná (Sinduscon), o Congresso não demonstrou protagonismo ou deu sinais de que conseguiria costurar acordos neste ano. “Nós precisamos desse procedimento de impeachment. Hoje todos os atores econômicos estão com o pé no freio, estamos paralisados. Precisamos sair disso. Seja com a presidente, numa condição de autoridade melhor, ou com um novo governo. O que não dá é ficar como está”, afirma.
Na opinião do presidente da Associação Comercial do Paraná (ACP), Antonio Espolador Neto, apesar de ainda não haver segurança se o processo de impeachment de Dilma é juridicamente viável, algo tinha de acontecer. “O país passa por uma crise muito grande, não só política e econômica, mas também ética. Alguma coisa tinha de ser feita para mudar essa situação. Esperamos que esse processo [de impeachment] traga consciência política para fazerem algo maior”, diz.
Edson Campagnolo, presidente da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), afirma que apesar de haver ressalvas com relação à motivação de aprovação do processo pelo deputado Eduardo Cunha, a crise política está enterrando a economia do país. “Se existe este processo de impeachment, o melhor é que ele seja imediatamente apurado. Esta demora está afundando a economia. O desemprego dos últimos 12 meses na indústria do estado está perto de 50 mil demitidos. É necessário que se julgue de forma correta, mas não podemos mais ficar nessa paralisia”, destaca.
O presidente da Federação da Agricultura do Paraná (Faep), Ágide Meneguette, o setor produtivo precisa que o país garanta a segurança necessária para que a produção continue e que as lideranças transmitam credibilidade ao mercado financeiro. “Não podemos mais viver à mercê de oscilações diárias que resultam de uma instabilidade gerada por escândalos constantes e corrupção”, afirma.
Dilma se fortalece ou o país encontra outro caminho, diz CNI
- Das agências
O início do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff é visto como um passo em direção à solução do impasse econômico que o Brasil viveu ao longo de 2015, segundo empresários do setor produtivo nacional.
Fazendo a ressalva de que sua entidade não tem posição oficial sobre o impedimento, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, afirma que o processo “é uma oportunidade para a presidente Dilma sair fortalecida dele ou então o país terá de encontrar outro caminho, com outro governante”. Andrade diz que, apesar de um processo de impeachment ser sempre algo traumático, ele, neste momento de paralisia da economia, “pode ser a solução para sairmos da crise política”.
O presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), Paulo Butori, afirma que a definição do processo de impeachment já é, por si só, um bom resultado. “Precisávamos de uma definição, pois tudo estava parado”. Já o presidente do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP), Claudio Bernardes, considera que os investimentos só voltarão a crescer quando a questão do impeachment estiver resolvida. Para ele, é importante que os desdobramentos políticos ocorram o mais rápido possível.
Ao comentar o processo de impeachment, o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, Luiz Moan, diz que as instituições brasileiras estão funcionando e não há nada fora do arcabouço institucional.
A decisão de impeachment é algo que cabe ao Congresso. O que é importante é que as instituições brasileiras voltem a exercer seu papel e recuperem sua credibilidade.
Esse ano o país andou para trás e não vimos nada de concreto andando no Congresso. Achamos que o processo de impeachment pode dar uma acelerada. Independente do resultado, gera uma situação favorável, mexe com a economia e cria uma esperança.
A crise pela qual o país está passando é muito mais política e está paralisando a nossa economia. A prova disso é o ano que se encerra com PIB negativo, já estamos em processo de recessão.
Nós estamos tendo problemas desde o ano passado. Então já não tínhamos grandes expectativas para 2015, mas o ano acabou sendo bem pior do que imaginávamos. Não dá para suportar mais e deixar tudo como está.
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