Os bens de capital máquinas e equipamentos para a indústria foram os principais responsáveis pela forte alta das importações em agosto, fato visto com bastante otimismo por analistas de comércio exterior. Se por um lado a competitividade da indústria brasileira no exterior pode estar sendo afetada pela baixa cotação do dólar, a compra de maquinário importado indica que as empresas estão aproveitando o momento para investir em expansão e aumento de tecnologia.
No acumulado dos oito primeiros meses do ano, a compra de bens de capital avançou 27,3%. Embora expressivo, o aumento é menor que o observado nos bens intermediários (matérias-primas), que cresceram 28,5%, e nos bens de consumo (alimentos, roupas, automóveis, medicamentos e outros, que 31,5%). No entanto, na comparação de agosto de 2007 com agosto de 2006, a compra de máquinas e equipamentos cresceu 42,8%, bem acima das outras categorias, o que indica que a importação desse tipo de produto está se acelerando. "Os bens de capital superaram as nossas expectativas. Como esperamos que a economia mantenha o ritmo até o fim do ano, a tendência é de que o movimento de alta persista", avalia o economista Chau Kuo Hue, da LCA Consultores.
A avaliação dos especialistas é que, com investimento em ampliação do parque industrial e modernização dos equipamentos, as empresas podem recuperar a competitividade perdida no exterior ou, pelo menos, ganhar músculos para acompanhar o crescimento do mercado doméstico.
Para a economista Mônica Marinho, professora do MBA em Comércio Exterior do Instituto Superior de Administração e Economia (Isae/FGV), a desvalorização do dólar tem um lado bastante positivo. "Ela obriga a indústria brasileira a mudar de postura, reduzir custos e, eventualmente, se internacionalizar, produzindo lá fora alguns produtos. É duro dizer isso para alguns setores, como o calçadista, mas a verdade é que a estrutura de produção mundial está mudando. Cabe às empresas acompanhar esse movimento ou não." (FJ)