Após a Viver, que na semana passada se tornou a primeira incorporadora de capital aberto do país a pedir recuperação judicial para solucionar seus problemas financeiros, uma das maiores empresas do setor no Brasil deve seguir o mesmo caminho. Segundo o jornal “O Estado de S. Paulo” apurou, a PDG deverá recorrer à medida até o fim do ano. Com bilhões de reais em prejuízos acumulados e dificuldade para vender R$ 2,7 bilhões de imóveis em estoque num mercado retraído, a companhia já estaria em negociação com uma empresa de reestruturação financeira.
A PDG emergiu como potência imobiliária na segunda metade da década passada, após algumas aquisições. A companhia abriu o capital em 2007. Três anos depois, deu seu maior passo – a compra da Agra, então comandada pelo investidor espanhol Enrique Bañuelos –, assumindo a liderança do setor. Em 2012, no entanto, o negócio já enfrentava dificuldades. Depois disso, atraiu investimento da Vinci Partners, que fez uma capitalização no negócio de R$ 483 milhões, em 2015.
As mudanças de estratégia e os novos investimentos, no entanto, não teriam surtido o efeito necessário. A PDG vem se esforçando para vender seus estoques e fez cortes profundos na operação – só em 2015, o total de funcionários foi reduzido em 60%, para 1.175. Mas os resultados não mostraram reação: o prejuízo acumulado no primeiro semestre de 2016 atingiu R$ 1,15 bilhão, alta de 192% em relação ao mesmo período de 2015.
Mercado em queda
Dois terços dos estoques da PDG se concentram no segmento residencial, sobretudo em São Paulo e no Rio de Janeiro. O desempenho desse mercado tem sido fraco. Em São Paulo, segundo o Secovi, foram vendidas 828 unidades residenciais novas em julho, queda de 20,5% em relação a 2015.
Embora tenha anunciado a reestruturação de três quartos de sua dívida total – que, em 30 de junho, superava R$ 5 bilhões –, a PDG já teria avisado aos bancos que a recuperação judicial seria inevitável. Por lei, as instituições financeiras são obrigadas em seus balanços a fazer provisão integral relativa aos créditos concedidos a empresas em recuperação judicial.
A medida deve ser anunciada até o fim do ano, segundo fontes. A empresa, que é assessorada pelo escritório E. Munhoz Advogados, já estaria em conversas avançadas com um assessor para ajudar na gestão e na reestruturação dos débitos no âmbito da recuperação judicial.
Dificuldades
Segundo fontes, a decisão de adiar a recuperação judicial o tanto quanto possível teria sido a estratégia da PDG. A Viver, que protocolou o pedido na Justiça na semana passada para renegociar débitos de R$ 1 bilhão, passou pelo mesmo dilema.
Na semana passada, Luis De Lucio, diretor da Alvarez & Marsal, consultoria americana especializada em assessorar empresas em crise, afirmou que a Viver tentou equacionar sua dívida ao longo do ano de 2016, mas não obteve sucesso.
Procurada pela reportagem, a PDG não quis comentar o assunto.
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