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De bilionário a investigado pela Lava Jato: veja que fim levou o império de Eike Batista

 | Marcello Casal Jr /Agência Brasil/Arquivo
(Foto: Marcello Casal Jr /Agência Brasil/Arquivo)

Usando o dinheiro que ganhou na mineração e um raro talento para montar planos de negócio e convencer investidores, Eike Batista criou quase 20 empresas entre 2004 e 2013. Tinha petroleira, estaleiro, mineradoras, geradora de energia, fábrica de semicondutores e companhias de logística, entretenimento, refeições prontas e outras.

Hoje a empresa mais sólida do Grupo EBX é o Mr. Lam, um restaurante chinês na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio. Ao contrário das “irmãs”, o estabelecimento não tem dívidas bilionárias, não está em recuperação judicial e tampouco foi vendido para tapar os buracos do conglomerado.

O homem que dizia ter projetos “à prova de idiotas” e chegou a ser o 7º mais rico do mundo, com fortuna estimada em US$ 30 bilhões em 2012, está proibido de exercer cargos em companhias abertas até 2020. Andava meio esquecido até que, em setembro de 2016, voltou aos holofotes ao virar testemunha da Operação Lava Jato. Em janeiro de 2017, teve a prisão decretada também dentro da Lava Jato por ser suspeito de pagar propina ao ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB).

Veja que fim levaram as principais empresas do “império X”

OGX (petróleo)

Joia da coroa e principal responsável pelo colapso do Grupo EBX, a petroleira é formada por duas empresas, ambas em recuperação judicial. Eike tem 50,2% da Óleo e Gás Participações S/A (OGPar), que por sua vez é dona de 25,9% da OGX Petróleo e Gás S/A. No início do ano, o empresário se comprometeu a repassar 11,5% da OGPar ao fundo árabe Mubadala, mas a transferência ainda não ocorreu. A petroleira, que dizia ter reservas de 1 bilhão de barris e prometia produzir mais de 40 mil barris por dia, devolveu a concessão do campo de Tubarão Azul e agora só opera em Tubarão Martelo, que em seu melhor momento, em 2014, produziu pouco mais de 14 mil barris diários – a média atual é de 8 mil barris por dia. Até setembro de 2016, a petroleira teve receita de vendas de R$ 146 milhões (ante R$ 491 milhões um ano antes) e teve prejuízo de R$ 231 milhões, após perdas de R$ 514 milhões em igual período de 2015. Um acordo com credores anunciado em janeiro de 2017 pode acelerar a recuperação.

OSX (indústria naval)

Fornecedora de plataformas e serviços para o setor de petróleo, a OSX tinha como principal cliente a OGX. E teve de pedir recuperação judicial quando a empresa irmã, em crise, devolveu quase todas as concessões de petróleo. Em sua queda, cancelou encomendas e prejudicou empresas com a Techint, que construiria duas plataformas para a empresa de Eike no estaleiro de Pontal do Paraná. O empresário é dono de 66,2% da OSX, mas fechou acordo para repassar 28,8% ao fundo árabe Mubadala. Até o terceiro trimestre de 2016, a empresa faturou R$ 126 milhões (80% menos que no mesmo período de 2015) e teve prejuízo de R$ 948 milhões (um ano antes, houve lucro de R$ 421 milhões).

MMX (mineração)

Localizado em Itaguaí (RJ), o Porto Sudeste, principal ativo da MMX, foi vendido em 2013 para a empresa Impala e o fundo Mubadala, que colocaram o terminal em operação em 2015. As dificuldades financeiras levaram a MMX a suspender a extração de minério em Minas Gerais. Sem exercer atividade, ela teve prejuízo de R$ 31 milhões até setembro de 2016, após perder R$ 17 milhões um ano antes. Em recuperação judicial, a empresa ainda é controlada por Eike Batista, que tem 57,4% das ações e se comprometeu a repassar 21% para o fundo Mubadala.

CCX (carvão)

Sem operações e em recuperação judicial, a empresa registrou prejuízo de R$ 299 milhões no 1º semestre, ante R$ 10 milhões em igual período de 2015. Suas minas, na Colômbia, foram vendidas ao grupo turco Yldirim, em negócio finalizado na segunda-feira (26). Eike é dono de 61,7% da empresa, mas deve transferir 26,5% ao Mubadala.

MPX (energia)

Vendida à alemã E.ON, a empresa hoje se chama Eneva. Dona de termelétricas a carvão e gás natural no Nordeste, ela deixou a recuperação judicial em junho. Até setembro de 2016, faturou R$ 1,4 bilhão, contra R$ 1 bilhão um ano antes, e teve prejuízo de R$ 205 milhões, após lucrar R$ 132 milhões nos primeiros nove meses de 2015.

LLX (logística)

Vendida em 2013 à norte-americana EIG e rebatizada de Prumo Logística, a companhia administra o Porto do Açu, um complexo de terminais em São João da Barra (RJ) que está funcionando em escala bem menor que a alardeada por Eike nos tempos de bonança. A Prumo faturou R$ 99 milhões nos primeiros 9 meses de 2016, com alta de 40% sobre o mesmo período de 2015, e teve prejuízo de R$ 52 milhões, após perder R$ 94 milhões um ano antes. A fatia de 0,26% que Eike tinha na Prumo foi entregue ao Mubadala.

Outras empresas

As ações de Eike nas companhias AUX (mineração de ouro), IMX (entretenimento, que chegou a ser parceira do UFC no Brasil) e REX (imóveis, dona do Hotel Glória, no Rio) foram repassadas ao fundo Mubadala. A fatia de 33% de Eike na SIX (semicondutores) foi vendida à argentina Corporación América. A concessão da Marina da Glória foi vendida à BR Marinas. O restaurante de comida chinesa Mr. Lam, no Rio, continua funcionando.

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