Responsáveis por fomentar a criação e desenvolvimento de novas empresas com base tecnológica, as incubadoras do Paraná vão passar por uma “recauchutagem” para melhorar os próprios processos de gestão e uniformizar a metodologia utilizada. A iniciativa, encabeçada pelo Sebrae em todo o país, pretende reforçar o papel das incubadoras nos ecossistemas locais de inovação e também driblar suas limitações de atuação, expandindo o foco no surgimento do novo produto ou serviço para também investir na manutenção do negócio.
O Paraná foi o estado com o maior número de incubadoras aprovadas no edital que fornecerá um total de R$ 3,5 milhões para as unidades implantarem a Metodologia Cerne (sigla para Centro de Referência para Apoio a Novos Empreendimentos) – das 95 selecionadas no país, 17 são paranaenses. O processo, que se estenderá por dois anos, tem o objetivo final de tornar as incubadoras centros de referência para empreendedores e, assim, tornar o estado mais atraente para receber negócios inovadores, a exemplo de polos tecnológicos como o de Florianópolis, Rio de Janeiro e Recife.
Hoje, segundo mapeamento feito pelo Sebrae-PR em seis regiões (veja infográfico), o Paraná possui 20 incubadoras. O número, que à primeira vista pode parecer generoso, não necessariamente implica na atração de empresas de tecnologia. Levantamento deste ano também feito pelo Sebrae-PR mostra que, entre 101 startups paranaenses entrevistadas, apenas 10 passaram por processos de incubação e 18 por aceleração. Não se sabe se o gargalo é por falta de interesse ou de dificuldades no acesso aos programas.
“Há a necessidade de apoiar o empresário também para o mercado, não só auxiliando com o desenvolvimento da inovação ou da tecnologia em si, mas trazendo a ele noções de gestão, de conhecimento financeiro. Na maioria das vezes, o lado administrador desse empreendedor é bem carente”, afirma Rosinei Rezende, coordenadora da incubadora da Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Fundetec), ligada à prefeitura de Cascavel.
Meta
As expectativas com a adoção do Cerne no Paraná vão além das melhorias diretamente relacionadas às incubadoras. A meta “informal” do projeto é desenvolver pelo menos um negócio altamente escalável em cada incubadora selecionada no edital, até 2017 – replicando, assim, cases de negócios como a da Bematech, que saiu da incubadora do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) para se tornar líder de mercado em automação comercial.
“Parece uma meta pouco ousada, mas hoje não temos nenhuma meta nesse sentido. Queremos transformar o Paraná num centro de referência na atração de novos empreendedores de base tecnológica. E para isso precisamos selecionar bem esses projetos e alavancar esses negócios”, explica o consultor do Sebrae da área de inovação e tecnologia Aloisio Cerqueira.
Outra ação envolve a comparação das incubadoras paranaenses com as top 10 do planeta, com base no UBI Index, ranking sueco que elenca as melhores unidades do mundo – permitindo, assim, que as incubadoras locais saibam quão distantes estão das melhores e tracem planos de evolução no índice.