Indicadores divulgados nesta quinta-feira (04) no mercado internacional intensificaram o temor de uma desaceleração mais forte da economia mundial e provocaram uma onda de nervosismo no mercado financeiro. As principais commodities, como petróleo e soja, tiveram forte recuo; o dólar subiu; e as bolsas desabaram ao redor do mundo.
No Brasil, o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) despencou 3,96%, para 51.408 pontos - o menor nível desde 21 de agosto de 2007. Foi a quinta queda consecutiva, que elevou a desvalorização do mercado acionário doméstico para 19,53% no ano A bolsa paulista até ensaiou recuperação no início da manhã desta quinta, mas sucumbiu às notícias externas e passou a operar em terreno negativo. Na mínima do dia, caiu 4,43%.
Outro sinal do stress dos investidores foi o avanço do dólar ante o real. A moeda americana subiu 2,44% - a maior variação desde 21 de janeiro desde ano - e ultrapassou a barreira de R$ 1,70. Fechou cotada em R$ 1,719. O movimento no mercado doméstico refletiu o comportamento do dólar americano ante quase todas as moedas no mundo. O euro, por exemplo, atingiu a mínima de 2008, sendo cotada em US$ 1,4315.
"Há um forte movimento de desmontagem de posições feitas no passado contra o dólar", afirma o sócio da Paraty Investimentos, Marco Franklin. Com a moeda americana em alta, o movimento de queda das commodities foi inevitável. Os contratos de petróleo para outubro caíram US$ 1,46 (1,34%) e fecharam em US$ 107,89 por barril.
Em Nova York, o Dow Jones recuou 2,99% e o Nasdaq, 3,2%. Mesmo desempenho teve o mercado europeu. A bolsa de Paris caiu 3,22%; Milão, 2,82%; Frankfurt, 2,91%; e Londres, 2,5%. O mau humor dos investidores começou ainda no período da manhã, com uma seqüência de dados ruins da economia americana. Primeiro foi divulgado o número de vagas cortadas no setor privado, acima das previsões dos analistas.
O número de pedidos de auxílio-desemprego também não agradou. Subiu para 444 mil enquanto o mercado esperava uma queda de 5 mil. O cardápio de más notícias foi incrementado pela revisão para baixo das projeções de crescimento econômico na zona do euro, afirmou o economista da Corretora Umuarama Corretora, Rafael Moysés.
O Banco Central Europeu (BCE) anunciou no início da manhã desta quinta que o Produto Interno Bruto (PIB) do bloco econômico deve apresentar avanço entre 1,1% e 1,7% em 2008. A estimativa anterior estava entre 1,5% e 2,1%. Para 2009, a projeção foi alterada para expansão entre 0,6% e 1,8%, ante previsão anterior de 1% a 2%. Para os investidores, o risco de o enfraquecimento da economia americana atingir o resto do mundo ficou mais claro.
O nervosismo pode aumentar ainda mais amanhã dependendo dos resultados de criação de emprego (payroll) nos EUA. O economista-chefe e estrategista do Asset Management - Banco Real, Hugo Penteado, afirma que esse dado poderá mostrar se o risco de recessão no país está maior.
"Um payroll ruim será mais um sinal inequívoco de que a economia nos EUA está muito frágil e que a recuperação pode levar algum tempo." Segundo Penteado, a recuperação só virá com o fim da crise imobiliária, o que não deve ocorrer nos próximos 12 meses.
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