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O retorno de investimentos em imóveis comerciais no Brasil foi de 33,5 por cento no ano passado, o maior desde 2000, de acordo com novo índice da BM&FBovespa e FGV. O indicador atesta a demanda aquecida por shopping centers, hotéis e escritórios diante do crescimento vigoroso da economia em 2010.

"Ainda não temos perspectiva (de bolha) no mercado de imóveis comerciais", disse o pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas, Paulo Pichetti, embora tenha reconhecido "valorização bastante grande" recentemente.

O objetivo do Índice Geral do Mercado Imobiliário Comercial (IGMI-C), com periodicidade trimestral, é se tornar uma referência da rentabilidade de imóveis comerciais, dando mais transparência à formação de preços de compra, venda e locação.

Ainda que não tenha como função detectar eventuais distorções de preços dos imóveis, isso eventualmente pode acontecer - o que ajudaria a evitar no Brasil uma crise futura como a do subprime dos Estados Unidos um par de anos atrás.

O diretor de Desenvolvimento e Fomento de Negócios da BM&FBovespa, José Antonio Gragnani, procurou destacar que o crédito imobiliário ainda representa uma parcela muito pequena do Produto Interno Bruto (PIB) no Brasil.

"Em outros países (da América Latina), o crédito imobiliário representa 14 a 17 por cento do PIB, enquanto no Brasil equivale a perto de 4 por cento do PIB", disse.

Da ótica de grandes investidores, alguns movimentos recentes indicam não haver expectativa de bolha iminente no mercado imobiliário comercial, diante da proximidade da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas em 2016, que vão impulsionar construções, como novos hotéis.

Em novembro, por exemplo, a construtora e incorporadora PDG Realty fechou acordo com a rede Marriot para construção e administração de até 50 hotéis corporativos do segmento econômico da rede Fairfield no Brasil em cinco anos.

Agora, são os fundos de pensão que devem apostar mais na área de imóveis comerciais.

De acordo com o presidente da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp), José de Souza Mendonça, o novo índice apresentado nesta sexta-feira deve ajudar a aumentar os investimentos de fundos de pensão em imóveis.

"Hoje os fundos de pensão podem aplicar 8 por cento em imóveis e têm 2,8 por cento do capital destinado a imóveis. Também podem alocar até 10 por cento em fundos imobiliários e não possuem nem 1 por cento da carteira nisso", afirmou Mendonça.

"Os imóveis têm uma característica de iliquidez e faltava um índice que nos desse mais informações para esses investimentos."

Série histórica

A série histórica do IGMI-C - que teve como base indicadores similares existentes no exterior - começa em 2000.

Considerando toda a série do índice, o retorno total até 2010 com imóveis comerciais - que inclui renda com aluguel e valorização nominal da propriedade - foi de 637,9 por cento.

Não por coincidência, a disparada na rentabilidade ocorreu a partir de 2006, início do maior ciclo de expansão econômica recente do país e quando os juros começaram a cair de forma mais acentuada, ajudando a ampliar a oferta de crédito.

O IGMI-C inclui atualmente informações de 190 imóveis, a maioria de escritórios comerciais e shoppings. São Paulo e Rio de Janeiro são os mais presentes na amostragem, com 37 por cento e 26 por cento do total, respectivamente.

A FGV quer agora atrair mais investidores institucionais e empresas ligadas ao setor imobiliário como contribuidoras do IGMI-C, para ampliar sua representatividade.

A FGV também trabalha na criação de um índice de valorização de imóveis residenciais, o IGMI-R, ainda sem data para lançamento.

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