| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

A indústria brasileira encerrou 2015 com o pior desempenho entre as principais economias. No quarto trimestre do ano passado, a produção brasileira recuou 12,4% na comparação com o mesmo período do ano anterior. O resultado ficou bem abaixo da produção mundial, que cresceu 1,9% no período, segundo dados do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

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O levantamento foi feito com base nos dados da Unido (United Nations Industrial Development Organization - um braço das Nações Unidas para a indústria). O descompasso da indústria de transformação brasileira com o restante do mundo fica evidente ao se comparar em detalhes o resultado nacional com o de outros países.

O tombo da indústria da Rússia - outro país em grave situação econômica - foi de 5,7% no quarto trimestre. Na América Latina, a queda foi de 4%, embora algumas nações tenham exibido resultados bem menos preocupantes: a produção do Chile recuou 1,5%, e a da Argentina caiu 0,9%. No México, houve crescimento de 2,2%.

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O intenso recuo observado na indústria nacional pode ser explicado pelo já conhecido Custo Brasil - que retira a competitividade do produto nacional - e pela incerteza que passou a dominar a economia brasileira. Com baixa confiança de consumidores e empresários, os investimentos foram postergados pelas companhias, contribuindo ainda mais para a piora do setor industrial.

“A queda da indústria brasileira descola de outras economias, incluindo as latino-americanas. O nível de contração do setor foi sem precedentes”, afirma Rafael Cagnin, economista do Iedi. “A paralisia da construção pesada, os problemas enfrentados pela Petrobrás e o ajuste fiscal feito por meio do investimento público causaram um baque muito grande”, diz Cagnin.

Queda global

A compilação de dados feita pelo Iedi também mostrou que a indústria mundial desacelerou. Nos países em desenvolvimento, a produção industrial avançou 4,6% no quatro trimestre do ano passado na comparação com o mesmo período de 2014. No trimestre imediatamente anterior, a alta havia sido de 4,9%.

No recorte das nações consideradas desenvolvidas, a indústria cresceu 0,2% nos últimos três meses do ano passado. No trimestre anterior, a alta havia sido de 1%.

A desaceleração da economia mundial deverá ser mais um entrave para a retomada do setor industrial brasileiro e, consequentemente, da economia nacional Com a desvalorização cambial e a retração do mercado interno, uma das apostas das empresas brasileiras está na retomada do comércio internacional como forma de mitigar os efeitos da atual recessão.

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“Uma das esperanças do País nesse cenário tão conturbado é reativar a economia via exportação”, afirma Cagnin. “Mas a piora dos números é relevante para mostrar que a economia internacional não está tão bem como alguns acham. A recuperação tem sido fraca e vem se arrastando há muito tempo.”

Pelos números do Fundo Monetário Internacional (FMI), a economia mundial cresceu 3,1% em 2015. Neste ano, a previsão do órgão é de uma expansão de 3,6%.