A produção industrial do Paraná despencou na passagem de ano, amargando alguns dos piores desempenhos nas 14 regiões pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em janeiro, a atividade das fábricas paranaense caiu 5,6%, com ajuste sazonal, na comparação com dezembro, que havia registrado uma queda de 0,7%. Foi o segundo resultado negativo mais expressivo, à frente apenas do da Bahia (-10,1%).
Já em relação ao mesmo mês de 2014, a produção do Paraná despencou 12%. Nesse comparativo, o estado teve o terceiro pior desempenho do país, logo depois da Bahia (-12,1%) e do Amazonas (-12,4%). Nos últimos 12 meses, o índice da indústria paranaense acumula retração de 6,6%.
Em todo o país, houve queda em 11 dos 15 pontos pesquisados – as únicas expansões ocorreram no Espírito Santo (18,2%), Pará (6,4%), Mato Grosso (5,2%) e Pernambuco (3,3%). A média nacional apresentou recuo de 5,2% em relação a janeiro de 2014.
As maiores queda na indústria do Paraná aconteceram nos setores de fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias (-35,5%), “fabricação de máquinas e equipamentos” (-32%) e “fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis” (-18,4%). No total, o estado teve queda em oito das 12 categorias pesquisadas pelo IBGE.
Os números do Paraná vão na contramão da média nacional. A atividade fabril brasileira teve um avanço de 2% da produção de dezembro para janeiro. O problema é que o crescimento não se deu de modo espalhado: apenas sete dos 14 locais pesquisados pelo IBGE acompanharam o índice nacional.
Os destaques ficaram com Pernambuco (13,5%), São Paulo (7,1%) e Minas Gerais (6,5%). Goiás, Espírito Santo e Santa Catarina também cresceram acima da média nacional.
Previsões
O crescimento da produção em janeiro foi interpretada por analistas como um “soluço”, que nem sequer recuperou a perda de dezembro (-3,3%) ante novembro. “Toda a conjuntura negativa que vem afetando a indústria permanece. Os juros aumentaram, além de o crédito estar mais restrito, o que vai impactar diretamente a indústria de automóveis e eletrodomésticos. A construção civil desaquecida afeta a metalurgia e minerais não metálicos. A crise na Argentina impacta as exportações, os estoques permanecem elevados, o consumo caiu. Há a desaceleração na China, e a Europa também está patinando”, enumerou o economista Fernando Abritta, pesquisador na Coordenação de Indústria do IBGE.
Já para fevereiro consultorias esperam uma nova queda da produção, com forte retração da fabricação de veículos e outros itens de peso do setor industrial. As previsões para o ano também são pessimistas. Mantido o cenário de juros mais altos, piora do mercado de trabalho e desaceleração da economia mundial, as estimativas apontam uma retração da indústria de até 3%.