As medidas macroprudenciais do governo e os juros mais altos pesaram sobre a indústria brasileira em abril, principalmente nos setores mais dependentes de crédito como o de bens duráveis.
Contrariando as estimativas de analistas, a produção industrial recuou 2,1 por cento sobre março, maior queda desde dezembro de 2008, auge dos efeitos da crise econômica global.
Em relação a igual mês do ano passado, que contou com um dia útil a mais, houve baixa de 1,3 por cento, segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta terça-feira.
Analistas esperavam aumento de 0,30 por cento da produção sobre março, segundo pesquisa atualizada da Reuters. A faixa de estimativas ia de queda de 0,20 por cento a alta de 0,70 por cento.
O dado de março, no entanto, foi revisto pelo IBGE e mostrou um desempenho melhor que o inicialmente divulgado. A produção subiu 1,1 por cento frente a fevereiro, ao invés da taxa de 0,5 por cento divulgada antes.
Além do aumento do juro básico brasileiro pelo Banco Central, o governo adotou medidas para esfriar o crédito e a demanda doméstica diante do repique da inflação.
"Embora o dado de março tenha sido revisado para cima, a produção industrial em abril foi, sem dúvida, fraco", comentou em relatório Marcelo Carvalho, chefe de pesquisa econômica para América Latina do BNP Paribas.
Bens duráveis
Os bens duráveis, como automóveis e eletrodomésticos, responderam em abril por metade da queda da indústria brasileira.
Segundo o IBGE, houve influência do ritmo mais fraco do crédito. "E o próprio encarecimento do crédito está influenciado pelo ciclo da Selic e das medidas macroprudenciais,", afirmou o economista do IBGE André Macedo.
Os bens duráveis tiveram queda de 10,1 por cento frente ao mês anterior, também a maior desde dezembro de 2008.
"Os duráveis responderam por algo perto de 1 ponto percentual da queda", acrescentou Macedo. "Houve no começo do segundo trimestre uma mudança no ritmo de importações, que aumentaram. E, com juros mais altos e crédito mais caro com as medidas macroprudenciais, há efeitos no comportamento dos bens duráveis."
Entre as cinco maiores quedas em abril, duas pertencem ao segmento de duráveis: Máquinas e equipamentos e Automóveis.
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