Aumento de energia foi o que mais pesou na inflação.| Foto: Brunno Covello/Gazeta do Povo

Em um ano marcado pelo aumento nos preços dos alimentos, da energia elétrica e dos combustíveis, a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou 2015 em 10,67%, a maior taxa desde 2002, quando ficou em 12,53%. No mês, o índice ficou em 0,96%, a mais alta para o mês também em 13 anos. O resultado ficou acima do 0,78% de dezembro de 2014, quando o ano encerrou em 6,41%.

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INFOGRÁFICO: Veja como o país tem ficado longe do centro da meta de inflação

A meta oficial é de 4,5%, com dois pontos percentuais de tolerância para cima ou para baixo. Mas em julho o acumulado no ano já havia atingido 6,83%. Desde que o regime de metas de inflação foi adotado, em 1999, o teto havia sido ultrapassado outras três vezes: em 2001, 2002 e 2003.

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Explicação

Com o IPCA acima do teto da meta, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, terá que publicar uma carta aberta ao ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, neste início de ano, explicando por que falhou.

O mercado especula agora se o BC vai elevar os juros básicos (Selic), hoje em 14,25% ao ano, na sua primeira reunião do ano, neste mês. Pelo Boletim Focus, pesquisa feita pelo BC junto ao mercado, economistas projetam inflação de 6,87% em 2016, novamente acima do teto da meta.

O maior impacto do ano (1,5 ponto percentual) ficou com a energia elétrica que, juntamente com os combustíveis (1,04 ponto percentual), representa 24% do índice de 2015. As contas de energia elétrica aumentaram, em média, 51%, cabendo a São Paulo (70,97%) e Curitiba (69,22%) as maiores variações. Nos combustíveis (21,43%), o litro da gasolina subiu 20,10% em média, chegando a 27,13% na região metropolitana de Recife. O etanol teve um aumento médio de 29,63%, atingindo 33,75% na região metropolitana de Curitiba, próximo dos 33,65% de São Paulo.

Em 2015, o consumidor passou a pagar mais caro em todos os grupos de produtos e serviços que compõem o custo de vida, especialmente pelas despesas relativas a habitação, que subiram 18,31%. Em relação ao ano anterior, apenas em artigos de residência (5,36%) a variação foi menos intensa.

Outras despesas com habitação (18,31%) pesaram no orçamento, além da energia elétrica. Importante no preparo dos alimentos, o botijão de gás se destaca com aumento médio de 22,55%, superado por Goiânia, com 35,86%. As contas de água e esgoto subiram 14,75%, chegando a 23,10% também em Goiânia. Enquanto o aluguel aumentou 7,83%, o condomínio foi a 9,72% e os artigos de limpeza, 9,56%.

Curitiba tem a maior inflação do país em 2015

IPCA na região da capital ficou acima da média nacional no consolidado do ano e também em dezembro

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Alimentos

No grupo alimentação e bebidas, o de maior peso no IPCA (25,10%), a alta foi de 12,03%. Considerando os alimentos adquiridos para consumo em casa, a alta foi generalizada. Vários produtos ficaram bem mais caros de 2014 para 2015, destacando-se a cebola (60,61%), o tomate (47,45%), a batata inglesa (34,18%) e o feijão carioca (30,38%), produtos importantes na mesa do consumidor.

Nos Transportes (10,16%), grupo que detém 18,37% de peso no IPCA, superado apenas pelos alimentos, houve pressão dos meios de transporte público, além dos combustíveis: ônibus urbanos (15,09%), trem (12,39%), ônibus intermunicipal (11,95%), ônibus interestadual (11,42%) e táxi (7,24%).

Alta disseminada

Os reajustes de monitorados que se concentraram no início de 2015 acabaram ditando o ritmo da inflação ao longo de todo ano. Com isso, diversos itens foram acelerando mês a mês. Em dezembro, 160 itens encerraram com aumentos superiores a 10% em 12 meses, o equivalente a 42,9% de todos os 373 itens investigados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em janeiro do ano passado, essa quantidade era de 91 produtos ou serviços, segundo o órgão. “O número aumentou a cada mês, sugerindo contaminação de itens importantes por reajustes como em combustíveis, energia e gás de cozinha. São as contas, e isso vai bater na costureira, no cabeleireiro”, ressaltou Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE.

Despesas pessoais

Quanto aos grupos despesas pessoais (9,50%), educação (9,25%) e saúde e cuidados pessoais (9,23%), os resultados ficaram próximos.

Nas despesas pessoais, pelos serviços dos empregados domésticos, as famílias passaram a pagar rendimentos mais elevados em 8,35%. Outros itens ficaram mais caros, com destaque para: jogos lotéricos (47,50%), serviço bancário (11,40%), excursão (9,69%), cabeleireiro (9,20%), cigarro (8,20%) e manicure (7,82%).

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As despesas com educação (9,25%) aumentaram, pois as mensalidades das escolas subiram 9,17% e os cursos diversos, como idioma e informática, subiram 10,32%.

A respeito das despesas com saúde e cuidados pessoais (9,23%), foi o item plano de saúde que exerceu a principal pressão já que as mensalidades subiram 12,15%. Foram registrados aumentos significativos, também, nos preços dos serviços médicos e dentários (9,04%), dos serviços laboratoriais e hospitalares (8,43%), dos artigos de higiene pessoal (9,13%) e dos remédios (6,89%).

Os artigos de residência (5,36%), de vestuário (4,46%) e comunicação (2,11%) foram os grupos com as menores taxas no IPCA do ano.

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Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]