Indicador
Confiança do consumidor atinge menor nível em 10 anos
Agência O Globo
O aumento dos juros, a restrição das condições de crédito, o aumento de preços e o fraco desempenho da economia minaram a confiança do consumidor, que atingiu em janeiro o menor patamar em quase dez anos.
De acordo com dados da Fundação Getulio Vargas (FGV), o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) registrou queda de 6,7% em janeiro na comparação com o mês anterior. Com isso, o índice ficou em 89,8 pontos, o menor nível da série iniciada em setembro de 2005.
Em dezembro, o indicador havia avançando 0,9% na comparação com o mês anterior, alcançando 96,2 pontos e interrompendo dois meses de queda.
Em nota, o economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da FGV, Tabi Thuler Santos, disse que a queda verificada neste mês "dá sequência à tendência observada ao longo do ano passado e parece refletir aumento da preocupação com o mercado de trabalho e com a inflação".
Menos confiantes, os consumidores também mostram maior pessimismo para os próximos meses. Segundo a FGV, o Índice da Situação Atual (ISA) recuou 8,6%, para 88,5 pontos em janeiro.
O Índice de Expectativas caiu 6,2%, para 90,8 pontos. Estes índices também estão nas mínimas históricas, destacou a FGV.
Se o ano de 2014 não foi dos melhores para o varejo, 2015 promete pressão adicional sobre as companhias do setor no Brasil, que devem se deparar com o dilema de repassar preços e perder apelo em vendas ou priorizar produtos mais baratos para seduzir os consumidores, sacrificando suas margens.
Segundo analistas e especialistas do setor, as recentes medidas fiscais do governo federal para aumentar a arrecadação devem ter impacto direto sobre a demanda, seja encarecendo a tomada de crédito com aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), seja tornando os artigos mais caros pelo possível repasse de tributos mais altos.
Pelo menos para o início de 2015, as perspectivas sobre o desempenho do setor são mais modestas que um ano atrás. Em pesquisa com empresas associadas, o Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV) projetou um crescimento médio nas vendas de 5,2% em janeiro, 4,8% em fevereiro e 4,7% em março, na comparação com iguais meses do ano passado.
Em 2014, as estimativas do IDV para os mesmos meses eram de alta de 6,4% em janeiro, 9,7% em fevereiro e 6,9% em março. A entidade representa empresas como Lojas Americanas e Magazine Luiza. "A maior parte das empresas brasileiras estão bastante ajustadas em relação a despesas, estão com pouca gordura. Então provavelmente é isso que vai acontecer: o repasse aos consumidores nos preços dos produtos", afirmou o presidente das Lojas Renner, José Galló.
Ele ressalvou, no entanto, que diante dos desafios no ambiente macroeconômico, as companhias seguirão buscando eficiências antes de mexerem nos preços. "Tenho certeza que todos vão procurar em primeiro lugar a eficiência, a racionalização e o que pode ser feito. No último caso que repassa. A gente sabe que o mercado é competitivo", disse.
Momento ruim
A cautela em elevar o valor dos produtos tem como pano de fundo um horizonte que se desenha ainda mais fraco para o varejo que no ano passado, quando a atividade do comércio teve, segundo a Serasa Experian, o pior desempenho em 11 anos.
Após o pacote com aumento de impostos anunciado na semana passada, que inclui elevação de tributos sobre combustíveis e importações, alguns economistas já preveem inflação acima de 7% em 2015. "A inflação deverá seguir corroendo o poder de compra do consumidor, que irá filtrar ainda mais sua cesta de compras, dando preferência a produtos essenciais em detrimento daqueles supérfluos", afirmou a analista Maria Paula Cantusio, do BB Investimentos, sustentando que "o comércio varejista deve apresentar uma performance em linha ou abaixo da de 2014".
Questionado sobre a possibilidade das varejistas absorverem os aumentos nos custos para ganharem em volume de vendas, o consultor em varejo Ricardo Pastore afirmou que em 2015 a tônica deve ser a proteção das margens. "É lógico que sempre há preocupação em não perder mercado e as empresas então pontualmente promovem grandes campanhas para buscar resultados de vendas. Mas a prioridade é garantir margens", disse.
Supermercados
Preço baixo não é garantia de aumento nas vendas
Até para produtos cujo consumo é essencial, como alimentos, a gestão da variável preço em um ambiente econômico desafiador vem sendo complexa mesmo quando a decisão é de não elevar os valores dos produtos para os clientes. Nos últimos dois anos, o Grupo Pão de Açúcar (GPA), maior varejista do país, se ateve à estratégia de aplicar a economia obtida em despesas internas em preços mais baratos na sua divisão alimentar, que reúne as bandeiras Extra, Pão de Açúcar e Assaí, buscando com isso turbinar o tráfego de clientes em lojas.
Em 2014, contudo, as vendas nessas lojas, que consideram os pontos abertos há mais um ano, subiram 3,5% nessa divisão, contra avanço de 8% do arquirrival Carrefour no país. Embora o Pão de Açúcar utilize as vendas líquidas como referência e o Carrefour adote as vendas brutas, a diferença entre os números aponta, na visão de especialistas, que a estratégia da empresa brasileira pode não estar surtindo efeito como desejado.
"O GPA tem certo desalinhamento funcional entre o posicionamento que eles querem e o que é percebido pelo consumidor", afirmou o consultor de varejo Eugênio Foganholo, da Mixxer, em referência às ocasiões em que a rede é vista como mais sofisticada e, portanto, mais cara. O Grupo Pão de Açúcar não comentou o assunto.
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