É um som que pais de primeira viagem conhecem muito bem: o choro no meio da madrugada de um bebê que precisa ser embalado para voltar a dormir por mais algumas horas. Para muitos, este é um ritual que se repete várias vezes na mesma noite.
Para tentar evitar que os pais fiquem muito cansados durante essa rotina, um pediatra de Los Angeles, nos Estados Unidos, desenvolveu uma tecnologia, que, segundo ele, pode garantir noites de sono bem melhores – neste caso, pra família inteira. O Snoo é um berço eletrônico que balança sozinho de um lado para o outro e emite pequenos sons para ajudar o bebê a dormir. O aparelho também consegue perceber quando a criança chora no meio da noite e automaticamente efetua algumas ações para que ela volte a dormir, sem precisar da intervenção dos pais.
O movimento do berço e os sons rítmicos foram desenvolvidos para tentar imitar as sensações vividas no útero, um ambiente familiar para os recém-nascidos, e assim os ajudam a relaxar e adormecer, segundo o médico Harvey Karp, que fundou a companhia Happiest Baby com sua esposa Nina Montée Karp. Ele é o autor de vários guias com dicas para pais, incluindo “O Bebê mais Feliz do Quarteirão”.
Conforme Karp, o Snoo deve ser usado durante os seis primeiros meses após o nascimento do bebê, antes que a criança seja capaz de escalar e potencialmente fugir do berço. O aparelho precisa ser ligado na tomada . Três microfones instalados no corpo do berço detectam o som do choro da criança e e então acionam o movimento e o som que tentam acalmar o bebê.
O Snoo também vêm com uma espécie de saco que pode ser usado para cobrir o bebê e o prender à cama, evitando que ele role durante o sono, o que Karp reforça que pode ser perigoso. O pediatra afirma, no entanto, que o berço não pode prevenir a ocorrência da Síndrome de Morte Súbita Infantil (SIDS, na sigla em inglês), condição em que bebês saudáveis morrem enquanto dormem por razões inexplicáveis.
Descrença
O Snoo ainda precisa passar pelo crivo de órgãos de segurança de produtos e não foi testado por outros médicos, afirma Karp. O aparelho seria apresentado na semana passada pela primeira vez a especialistas da área durante a conferência da Academia Americana de Pediatras, em São Francisco.
A diretora do Centro Pediátrico de Desordens do Sono do Hospital Infantil de Seattle, Maida Lynn Chen, ouviu falar do berço em seu feed de notícias no Facebook e logo se sentiu impelida a entender melhor a proposta. Chen ficou com o pé atrás assim que deu de cara com a afirmação de que o Snoo “é a mais inteligente e segura cama de bebê já feita”, como a empresa defende em seu site.
“Alegar que este é o berço mais seguro é realmente enganador e potencialmente irresponsável”, afirma. “O aparelho não foi estudado por tempo suficiente, pelo que eu sei. Neste momento, não sei de nenhum estudo científico que tenha analisado essa cama e a comparado com outras”, completa.
Além disso, a médica defende que as “caminhadas noturnas” dos pais são uma espécie de “rito de passagem” que todos devem encarar após o nascimento de um bebê. Aprender a identificar os sons e hábitos da criança, e desenvolver os instintos corretos para responder a isso, é um processo fundamental para os pais durante os primeiros meses de vida dos filhos, reforça.
Karp, por outro lado, defende que o berço não têm a intenção de substituir os pais. “Isto é um ajudante. É como ter uma enfermeira noturna ou uma babá. O bebê ainda precisa ser alimentado, trocado, ainda precisa de afeto”, afirma. Além disso, o Snoo irá apenas tentar acalmar o bebê nos primeiros momentos quando ele despertar. “Se o bebê continuar chorando, essa será a indicação de que ele precisa de algo mais que o berço não pode dar”, completa.
O Snoo irá custar US$ 1.160 (R$ 3.614, na cotação atual), bem mais do que o valor médio de outros berços voltados para o grande público. O aparelho já está na pré-venda e deve começar a ser despachado mês que vem.