Need for Speed é uma série que já está há muitos anos na estrada. Literalmente. Deste que estreou, em 1994, nos consoles 3DO e Saturn, uma das principais franquias da Eletronic Arts gerou 21 jogos e se tornou sinônimo de aceleração em pistas virtuais. Só na atual geração foram lançados dez títulos, mas nenhum que lembrasse os áureos tempos. O mais recente lançamento, Need for Speed: Most Wanted, redefine vários paradigmas históricos para entregar um jogo de respeito, com uma intensidade poucas vezes vista nos simuladores de corrida.
Para fazer este "reboot" da série, a EA escolheu a famosa produtora Criterion, mundialmente conhecida por ter desenvolvido Burnout Paradise, que misturou corridas com exploração de mundo aberto de forma inovadora. A escolha indicava uma das principais mudanças que a franquia viria a sofrer. Este Most Wanted há uma primeira versão com o mesmo nome lançada em 2005 é totalmente "arcade". Ou seja, quem procura simulação perfeita e uma física exata deve se manter distante. Aqui a regra é diversão, casualidade e curva de aprendizado baixíssima. Da tela de abertura o jogador é jogado imediatamente para a direção, sem tempo para tutoriais ou algo do tipo. Basta acelerar.
Quem já tem bagagem no universo das corridas virtuais vai notar de imediato que, na verdade, Most Wanted está muito mais para um Burnout Paradise 2 do que para um clássico NFS. O jogador está livre para explorar um imenso mapa lotado de missões na magnífica cidade de Fairhaven. Estão disponíveis mais 120 modelos de carros, cada um com características próprias, de marcas desejadas como BMW, Porsche e Lamborghini. Só é preciso encontrá-los para usar. Sem pegadinha. O objetivo principal, como o nome indica, é se tornar o piloto mais procurado. Para isso, o jogador terá que fugir da polícia das maneiras mais cinematográficas possíveis. Além de, claro, disputar "pegas" com quem aparecer pela frente. Quanto mais corridas e missões realizadas, que podem ser feitas aleatoriamente, o piloto acumula "speed point", principal indicador do jogo e uma das grandes inovações da franquia.
Os "speed points" são o coração Autolog 2.0, um computador de bordo que faz um ranqueamento com outros pilotos. Se jogado on-line, o sistema compara os resultados alcançados com outros jogadores, tornando cada item do ranking disputadíssimo. Para chegar ao topo, no entanto, o jogador precisa disputar corridas com os dez mais procurados. Não basta vencer, é preciso também destruir o carro do adversário, que a passa a ser seu.
Outra evolução na jogabilidade de Most Wanted foi a implantação do Easy Drive, sistema que permite que o jogador use o menu para, por exemplo, fazer modificações no carro, sem largar o volante. Tudo em tempo real.
Como já citado, este é um jogo que pende totalmente para o estilo "arcade" e abandona qualquer tipo de realismo. As corridas estão muito mais para um Mario Kart do que para um Gran Turismo. Não importa as besteiras que o jogador faça ao volante, ele se mantém sempre na disputa do primeiro lugar. O jogo vai calibrando a corrida conforme o desempenho do jogador.
Um dos pontos negativos, mas nem tanto assim, é a falta de uma câmera localizada dentro do cockpit. Só estão disponíveis a visão externa, em que aparece o carro inteiro na tela, e a câmera do para-choque, colada no chão. Também estão faltando opções de personalização, nem a cor do carro pode ser escolhida. No balanço geral, Most Wanted é um dos jogos mais intenso que a franquia NFS já produziu. Conseguiu unir com maestria elementos clássicos, como a perseguição policial, com funções que até então estavam disponíveis apenas na concorrência.