O agravamento da crise de liquidez e do segmento do mercado de crédito de alto risco que assolou os mercados em todo o mundo nas últimas semanas provocou uma captação líquida negativa 280 vezes maior nos fundos de renda fixa que nos de ações no Brasil. De acordo com a Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid), a diferença entre os volume de depósitos e retiradas nos fundos mais conservadores ficou negativa em R$ 5,048 bilhões até 14 de agosto, contra resultado negativo de R$ 17,74 milhões dos fundos de ações referenciados no Ibovespa. Ou seja, as aplicações de renda fixa perderam muito mais dinheiro com saques do que os fundos de ações. Os dados da Anbid não incluem a movimentação dos mercados no dia 16, quando a bolsa paulista chegou a cair mais de 8% ao longo do pregão.
Segundo o gestor de fundos da Corretora Liquidez, Jorge Alberto Cabral, por trás do alto volume de saques pode estar o perfil mais conservador dos investidores que aplicam em renda fixa e que não aceitam qualquer tipo de perda. Nos fundos pre-fixados, a aposta é de que os juros básicos da economia estarão menores no futuro e o ganho vem da diferença entre as taxas projetadas e a atual. Em momentos de turbulência, no entanto, as expectativas em relação aos juros na bolsa de Mercadorias e Futuros aumentam, motivadas pelo receio de que o Banco Central tenha que elevar os juros básicos para controlar um eventual aumento da inflação, provocado pela alta do dólar. Com isso, o aplicador sai perdendo.
- O investidor de renda fixa é menos avesso ao risco e as pessoas tendem a não assimilar bem a perda de rentabilidade. Já os fundos de ações são naturalmente voláteis e quem está neles está acostumado com isso. Estes investidores, geralmente, têm um prazo mais longo para seu investimento - diz.
Para se ter uma idéia, entre 31 de junho e 17 de agosto, a taxa dos contratos com vencimento em janeiro de 2012 subiu de 11,06% para 12,13% ao ano - uma alta de 9,67%.
- Como o valor das cotas desses fundos é calculado diariamente, leva em consideração esse aumento das expectativas em relação aos juros no futuro e o investidor acaba perdendo rentabilidade - avalia Cabral.
Antes mesmo do agravamento da crise, os fundos de renda fixa já tiveram captação líquida negativa em julho. Durante o período, o saldo entre depósitos e retiradas ficou negativo em R$ 6,447 bilhões, enquanto os fundos de ações tiveram saldo positivo de R$ 4,135 bilhões.
- O cenário era tranqüilo e, com a taxa de básica de juros mais baixa, alguns investidores estavam buscando mais rentabilidade em fundos de maiores riscos, como os multimercados e de ações - explica.
Em apenas 14 dias, a captação líquida negativa de agosto já equivale a 78% de todo o resultado de julho.
Para o diretor de Investimentos do BES Securities, Manuel Lamas, o investidor deve observar o mercado e evitar decisões precipitadas:
- Agora não é o momento para fazer movimentação em carteira alguma porque ninguém sabe o que vai ocorrer. Provavelmente, vai haver uma redução dos juros nos Estados Unidos e na Europa, o que aliviará o mercado. Além disso, o Brasil conta com um forte fluxo comercial, o que garante a entrada de dólares no país e, conseqüentemente, a queda da moeda.
Moraes eleva confusão de papéis ao ápice em investigação sobre suposto golpe
Indiciamento de Bolsonaro é novo teste para a democracia
Países da Europa estão se preparando para lidar com eventual avanço de Putin sobre o continente
Em rota contra Musk, Lula amplia laços com a China e fecha acordo com concorrente da Starlink
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast