Trabalhadores entraram em greve em toda a Itália nesta terça-feira enquanto o governo centro-direitista de Silvio Berlusconi tenta assegurar a aprovação parlamentar de um pacote de austeridade econômica.
A greve de oito horas convocada pela CGIL, maior sindicato italiano, deve perturbar os transportes públicos, inclusive o tráfego aéreo, e reforçar a sensação de emergência na terceira maior economia da zona do euro.
A paralisação foi convocada em protesto contra medidas de austeridade num valor total de 45,5 bilhões de euros. O projeto começa nesta terça-feira a ser debatido no Senado, onde o governo espera uma rápida aprovação antes que ele siga para a Câmara, onde deve ser votado em duas semanas. O Partido Democrático (centro-esquerda) disse na noite de segunda-feira que votará a favor do pacote no Senado.
Em uma declaração extraordinária, que salienta a gravidade da situação depois do movimento generalizado de venda de títulos italianos no mercado na segunda-feira, o presidente da Itália, Giorgio Napolitano, disse que é necessária uma ação urgente para restaurar a confiança nas finanças públicas.
"É um sinal da persistente dificuldade em recuperar a confiança, como é indispensável e urgentemente necessário," afirmou ele, acrescentando um pedido a todos os partidos para que não obstruam o pacote de medidas do governo.
O jornal econômico Il Sole 24 Ore disse que um aumento no IVA (imposto sobre o valor agregado), ao qual até agora o ministro da Economia, Giulio Tremonti, resistia, deve ser incluído no pacote, assim como a possível elevação da idade mínima para a aposentadoria.
O Banco Central Europeu tem blindado a Itália contra a fúria dos mercados ao comprar títulos italianos, na tentativa de reduzir seu ágio e evitar que os custos do crédito para o país atinjam níveis insustentáveis.
Mas sua paciência tem sido testada pela forma caótica como o pacote de austeridade tem sido negociado, e pela ausência de medidas concretas para cumprir a promessa governamental de equilibrar o orçamento até 2013.
Na segunda-feira, Mario Draghi, que assume em novembro a presidência do BCE, intensificou a pressão sobre as autoridades italianas, ao declarar que a disposição do Banco Central para continuar comprando títulos "não deve ser vista como algo certeiro".
Num claro sinal da preocupação dos mercados, o ágio nos títulos italianos de dez anos subiu na segunda-feira para quase 5,6 por cento, aproximando-se do nível, superior a 6 por cento, que era praticado antes de o BCE iniciar a compra de títulos no mês passado.
O lucro que os investidores exigem para comprar os títulos italianos em vez dos alemães, que servem de parâmetro no mercado, ampliou-se para 369 pontos-base, mais de 30 pontos acima do valor relativo à Espanha, num sinal de que a Itália entrou de vez no centro da crise na zona do euro.
Reforma tributária eleva imposto de profissionais liberais
Dino dá menos de um dia para Câmara “responder objetivamente” sobre emendas
Sem Rodeios: José Dirceu ganha aval do Supremo Tribunal Federal para salvar governo Lula. Assista
Além do Google, AGU aumenta pressão sobre redes sociais para blindar governo
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast