Manifestante protesta em frente à bolsa de valores de Milão, na Itália| Foto: REUTERS/Paolo Bona

Trabalhadores entraram em greve em toda a Itália nesta terça-feira enquanto o governo centro-direitista de Silvio Berlusconi tenta assegurar a aprovação parlamentar de um pacote de austeridade econômica.

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A greve de oito horas convocada pela CGIL, maior sindicato italiano, deve perturbar os transportes públicos, inclusive o tráfego aéreo, e reforçar a sensação de emergência na terceira maior economia da zona do euro.

A paralisação foi convocada em protesto contra medidas de austeridade num valor total de 45,5 bilhões de euros. O projeto começa nesta terça-feira a ser debatido no Senado, onde o governo espera uma rápida aprovação antes que ele siga para a Câmara, onde deve ser votado em duas semanas. O Partido Democrático (centro-esquerda) disse na noite de segunda-feira que votará a favor do pacote no Senado.

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Em uma declaração extraordinária, que salienta a gravidade da situação depois do movimento generalizado de venda de títulos italianos no mercado na segunda-feira, o presidente da Itália, Giorgio Napolitano, disse que é necessária uma ação urgente para restaurar a confiança nas finanças públicas.

"É um sinal da persistente dificuldade em recuperar a confiança, como é indispensável e urgentemente necessário," afirmou ele, acrescentando um pedido a todos os partidos para que não obstruam o pacote de medidas do governo.

O jornal econômico Il Sole 24 Ore disse que um aumento no IVA (imposto sobre o valor agregado), ao qual até agora o ministro da Economia, Giulio Tremonti, resistia, deve ser incluído no pacote, assim como a possível elevação da idade mínima para a aposentadoria.

O Banco Central Europeu tem blindado a Itália contra a fúria dos mercados ao comprar títulos italianos, na tentativa de reduzir seu ágio e evitar que os custos do crédito para o país atinjam níveis insustentáveis.

Mas sua paciência tem sido testada pela forma caótica como o pacote de austeridade tem sido negociado, e pela ausência de medidas concretas para cumprir a promessa governamental de equilibrar o orçamento até 2013.

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Na segunda-feira, Mario Draghi, que assume em novembro a presidência do BCE, intensificou a pressão sobre as autoridades italianas, ao declarar que a disposição do Banco Central para continuar comprando títulos "não deve ser vista como algo certeiro".

Num claro sinal da preocupação dos mercados, o ágio nos títulos italianos de dez anos subiu na segunda-feira para quase 5,6 por cento, aproximando-se do nível, superior a 6 por cento, que era praticado antes de o BCE iniciar a compra de títulos no mês passado.

O lucro que os investidores exigem para comprar os títulos italianos em vez dos alemães, que servem de parâmetro no mercado, ampliou-se para 369 pontos-base, mais de 30 pontos acima do valor relativo à Espanha, num sinal de que a Itália entrou de vez no centro da crise na zona do euro.